James Rodríguez ajuda Maracanã a vingar-se do Uruguai
Dois golos do ex-portista colocaram a Colômbia nos quartos-de-final pela primeira vez na sua história. O primeiro do atacante foi uma autêntica obra de arte.
Mas as emoções no Maracanã começaram muito antes da bola rolar. O estádio abriu as portas mais cedo para os adeptos poderem seguir nos ecrãs gigantes o Brasil-Chile, que se jogava em Belo Horizonte. Uma partida dramática para os muitos adeptos “canarinhos” que assistiram nas bancadas do estádio carioca. O empate a uma bola no final do prolongamento e a inevitabilidade da lotaria dos penaltis no Mineirão criou grande apreensão. O impensável poderia acontecer, tal como em 1950. O silêncio foi interrompido pela explosão de alegria com o golo de David Luiz, que abriu as hostilidades na marca do castigo máximo. Seguiram-se mais nove remates, quatro deram em golo e, no final, foram os brasileiros a sorrir. Respirou-se de alívio. “Não houve ‘Mineirazo’", brincava, aliviado, um dos voluntários da FIFA.
Quem também recordava com nostalgia o “Maracanazo” eram os adeptos uruguaios, que estavam em franca inferioridade numérica no estádio do Rio. Não só porque os colombianos os superavam em número, mas também porque receberam o apoio dos adeptos brasileiros. O amarelo imperava nas bancadas, interrompido por ocasionais manchas azuis celestes.
O primeiro dia destes oitavos-de-final foi, sem dúvida, uma espécie de Copa América privativa. Depois de brasileiros e chilenos, colombianos e uruguaios procuravam mais uma vaga na fase seguinte. Nas contas estatísticas, a Colômbia era o parente pobre. Nunca passou dos oitavos, fase que alcançou apenas por uma vez, no Mundial de 1990. Se passasse aos quartos faria história e estava determinada a superar-se.
Decidido estava igualmente James Rodríguez, uma das grandes figuras do conjunto orientado pelo argentino José Pekermen. Aos 28’, deu substância ao domínio da sua equipa em campo, com um grande golo, que ficará certamente no filme dos melhores já apontados neste Mundial. Abel Aguilar tocou a bola para o ex-portista no centro do terreno, este, de fora da área, recebeu com o peito e rematou à meia-volta, de primeira, com a bola ainda a tocar na barra antes de entrar nas redes.
Os uruguaios que, até a esse momento, estavam essencialmente preocupados em fechar os espaços na sua defesa, reagiram prontamente, subindo as sua linhas, conseguindo criar um par de calafrios ao guarda-redes Ospina, mas falhando o alvo. No segundo tempo o dono das redes colombianas teria mais trabalho e iria evidenciar-se na partida.
Mas antes de este jogador brilhar, a sua equipa iria aumentar a margem de conforto com o segundo golo, pouco depois do regresso dos balneários. Mais uma grande jogada do ataque colombiano e de uma equipa que se tem apresentado em grande nível neste Mundial, apesar de não ter podido contar o contributo do lesionado Radomel Falcao. O lance começou nos pés de Jackson Martínez, que colocou a bola em Armero; este cruzou para Cuadrado, que assistiu James e o atacante do Mónaco bisou na partida, aos 50’. Tudo simples, eficaz e espectacular, como já tinha sido apanágio dos colombianos na fase de grupos.
O Uruguai respondeu do banco com duas alterações na equipa - Stuani e Gaston Ramirez renderam Forlan e Álvaro Pereira – e, sem nada a perder, atirou-se ao ataque. E esteve muito perto de reduzir a desvantagem aos 64’, quando um tiro de Cristian Rodriguez foi travado com uma grande defesa de Ospina. O guarda-redes voltaria a negar o golo a Stuani, aos 75’, e ao benfiquista Máxi Pereira, aos 80’. Não havia nada a fazer: o uruguai vai regressar a casa onde já está o castigado Luis Suárez.