Brasil e Croácia batem-se por um bom presságio
Sempre que venceram no jogo inaugural do Mundial, as duas selecções protagonizaram histórias com um final feliz.
Prognósticos? Bom, além de serem pentacampeões mundiais, os brasileiros só por duas vezes saíram derrotados no jogo de abertura — justamente nas duas primeiras edições, em 1930 e 1934. Desde aí, os arranques do “Escrete” na prova contam-se sobretudo por triunfos — em 16 edições, venceram o jogo inaugural por 12 vezes, inclusive nas cinco ocasiões em que ergueram a taça.
Quanto à Croácia, também venceu o jogo de abertura no ano em que teve o melhor desempenho de sempre em Mundiais — em 1998, quando a selecção dos Balcãs ficou no terceiro lugar, venceu o encontro inaugural do grupo, frente à Jamaica. Já em 2002 e 2006, iniciou a prova com derrotas e não passou da fase de grupos. Revelador.
Daí que ambas partam para o Mundial deste ano em busca de um bom presságio. Só que, como admite o próprio Luiz Felipe Scolari — o treinador da selecção brasileira quando a equipa venceu, pela última vez (2002), um Mundial —, a responsabilidade recai sobretudo nos ombros da equipa da casa. “Temos a obrigação de ganhar o título. Não se organiza um Campeonato do Mundo para se ficar em terceiro ou em quarto”, lançou “Felipão”, nos últimos dias.
De facto, com um saldo de nove vitórias, 30 golos marcados e apenas dois sofridos nas últimas nove partidas, o Brasil parece respirar confiança — a confiança é tanta que os treinos têm decorrido sempre à porta aberta, inclusive no momento de ensaiar os lances de bola parada.
E se os brasileiros reconhecem predicados aos croatas (o estilo de jogo ofensivo e a técnica apurada de alguns dos seus jogadores valem à selecção de Niko Kovac o epíteto de “Brasil da Europa”), Luiz Gustavo, médio do Wolfsburgo, parece ter a lição bem estudada. “A Croácia tem um meio-campo que joga de maneira bastante ofensiva. E isso pode-nos ajudar a explorar a parte defensiva deles”, antecipou.
Quanto aos argumentos dos “canarinhos”, apesar de serem por demais conhecidos — tanto a nível ofensivo, com Neymar, Hulk e companhia, como a nível defensivo, com David Luiz e Thiago Silva a formarem uma das melhores duplas de centrais do mundo —, não parecem intimidar os croatas. Na realidade, Ivica Olic até sabe como encontrar o caminho da baliza. “Nos jogos de preparação frente ao Panamá e à Sérvia, vi alguns espaços na defesa brasileira”, vincou.
Com estrelas que actuam em grandes clubes europeus, como Modric (Real Madrid), Rakitic (Sevilha) ou Olic(Wolfsburgo), os croatas não conhecem o sabor da derrota desde Outubro de 2013, quando Kovac assumiu o comando técnico. Por isso, a equipa, que, frente ao Brasil, actuará sem Mandzukic (castigado), acredita que poderá mesmo vergar o favorito, sendo para isso fundamental entrar bem no jogo. “A Croácia pode surpreender qualquer equipa, principalmente se fizermos o primeiro golo. Aí, será complicado para o Brasil recuperar”, defendeu Eduardo, nada mais nada menos do que um brasileiro naturalizado croata.
Opinião corroborada por Luka Modric, a quem a fama e o talento de Neymar (que leva 22 golos apontados em 28 internacionalizações) não tira o sono. “ Muitas equipas já o travaram e é o que nós vamos tentar fazer também. Além disso, o Brasil não é só Neymar”, avisou o criativo do Real Madrid, revelando que a equipa quer assumir a posse de bola.
De entre todas as curiosidades que esta partida encerra, uma delas passará, justamente, por perceber se será Neymar ou Modric a levar a melhor, eles que, durante toda a época, foram rivais no campeonato espanhol. Curioso é também o facto de, no encontro de hoje, estarem frente a frente jogadores que, durante toda a época, alinharam lado a lado — o brasileiro Marcelo jogou com o croata Modric no Real, Luiz Gustavo foi colega de Olic e Perisic no Wolfsburgo, Hernanes actuou com Kovacic pelo Inter e Bernard alinhou com Srna e Eduardo no Shakhtar.