Benfica supera formalidade antes do “clássico”
“Encarnados” derrotam Belenenses no Restelo por 2-0, com dois golos de Jonas, e mantêm três pontos de vantagem sobre o FC Porto.
É justo dizer que o Benfica fez do Restelo uma casa não muito longe de casa. A mancha vermelha era tal que ameaçava estender-se à bancada de peão, que costuma estar fechada. Um fim de tarde de sol à beira-rio era um apelo demasiado irresistível, ainda para mais com a perspectiva de um triunfo que o colocaria a equipa mais perto do tão desejado título. Quanto ao azul, era mais o das cadeiras que dos adeptos do Belenenses, confinados a uma bancada central que não conseguiam encher, apesar da boa campanha e da possibilidade de um regresso às competições europeias.
Claro que na cabeça de Jorge Jesus já estava o “clássico” da próxima semana com o FC Porto, o tal jogo decisivo para o título, caso as duas equipas vencessem neste sábado. O técnico fez uma semipoupança, deixando Salvio de fora e elevando Ola John à titularidade, depois de já ter forçado um castigo de Maxi Pereira para este jogo (André Almeida foi o seu substituto) de forma a ter o lateral uruguaio para o “clássico”. O Belenenses, por seu lado, estava condicionado por ser um parceiro próximo do Benfica em termos de cedência de jogadores. Tal como acontecera com Deyverson e Miguel Rosa na primeira volta, desta vez foi Rui Fonte, avançado emprestado pelos “encarnados”, a ficar de fora.
A margem de erro do Benfica estava indexada ao que o FC Porto iria fazer, à mesma hora, no Dragão, com a Académica, e o objectivo era não deixar nada ao acaso. Ainda pouco tinha acontecido no jogo quando o Belenenses literalmente ofereceu o primeiro golo ao adversário. Aos 6’, Pelé faz um atraso desastrado que Ventura tenta compensar. O guarda-redes ainda se antecipou a Lima, mas a bola foi ter aos pés quentes de Jonas, que, de fora da área, fez o 1-0.
O Benfica não adormeceu com o golo madrugador, mas também não cresceu no jogo. Foi o Belenenses quem tentou recuperar do brinde oferecido, conduzido por um enjeitado da Luz que tenta relançar a carreira no Restelo. Carlos Martins estava com vontade de mostrar que o seu antigo patrão se enganou, colocando a bola sempre com critério, em bola corrida ou em bola parada, e até ele próprio esteve perto do golo. Aos 23’, de livre directo, Martins foi o autor de um potente remate que Júlio César desviou com dificuldade.
A boa resposta dos homens de Jorge Simão teve mais um momento importante aos 33’. O Belenenses voltou a entrar com perigo na área do Benfica e, na sequência da jogada, ficou com dois jogadores caídos no relvado. Se no lance entre Fábio Sturgeon e Luisão não houve nada, já entre Eliseu e João Meira há um contacto que o árbitro Rui Costa entendeu como simulação do médio, mostrando-lhe um cartão amarelo.
Como o FC Porto já estava a vencer no Dragão, o Benfica não se podia acomodar com a vantagem mínima. Limitou-se a controlar, sem acelerar muito, mas fez o suficiente para quebrar a vontade do adversário. A tranquilidade só apareceu em cima dos 60’. Num dos seus poucos momentos em jogo, Nico Gaitán, a partir do flanco esquerdo, fez o cruzamento para a área, Jonas matou no peito e rematou para o fundo das redes do Belenenses. Era o segundo golo do brasileiro no jogo e o seu 16.º na Liga portuguesa.
Ainda com meia-hora para jogar, o Benfica já se podia dar ao luxo de gerir e pensar no “clássico”. Jesus já tinha margem para abdicar de Samaris e Jonas, que podiam falhar o jogo do FC Porto se vissem mais um cartão amarelo. Foi o que fez nos instantes finais, altura em que o Belenenses teve mais uma grande oportunidade, com Dálcio a permitir uma enorme defesa de Júlio César, após jogada de Filipe Ferreira.
Foi o último suspiro de um jogo quase sempre controlado e bem gerido pelo Benfica. Nada do que se passou no Restelo e no Dragão mudou o que fosse nesta Liga. Daqui a uma semana há mais.