BE Plan não pagou um cêntimo ao Benfica por Roberto

Até 31 de Março, o Benfica ainda não tinha recebido qualquer verba da BE Plan pela aquisição dos direitos económicos do jogador.

Foto
Roberto continua a pertencer ao Benfica Jacques Demarthon/AFP

O primeiro pagamento deveria ter sido feito em meados de 2012, mas até 31 de Março deste ano o Benfica não tinha recebido um euro daquela sociedade, na qual o presidente do Saragoça, Agapito Iglesias, tem uma participação. A BE Plan, que em Agosto de 2011 passou a titular dos direitos económicos de Roberto – a troco de 8.514.000 euros, explicou na altura o Benfica –, não fez qualquer pagamento até ao final de Março. Na última prestação de contas da SAD do Benfica, o “Relatório Intercalar 3.º Trimestre 2012/2013”, os saldos relativos à BE Plan somavam precisamente 8.514.000 euros.

“Com base nas contas da Benfica SAD, efectivamente o clube não recebeu qualquer verba da BE Plan”, sublinhou ao PÚBLICO António Samagaio, professor do departamento de Gestão do Instituto Superior de Economia e Gestão.

Foi por causa deste incumprimento que o Benfica decidiu exercer “uma das garantias” prevista no acordo e recuperar os direitos desportivos e económicos de Roberto, explicou à CMVM a SAD “encarnada”. “Recuperada a titularidade dos direitos, foram os mesmos transferidos a título definitivo para o Club Atlético de Madrid SAD pelo montante de € 6.000.000 (seis milhões de euros), sendo a transferência dos direitos económicos com efeitos imediatos e a dos direitos federativos de forma diferida para 1 de Julho de 2014”, acrescentava o esclarecimento do Benfica ao mercado.

Ou seja, dois anos depois de se ter transferido da Luz para o Saragoça, Roberto continuará ligado ao Benfica por mais um ano – que passará na Liga grega, cedido por empréstimo ao Olympiacos.

Este processo ainda poderá trazer consequências para a SAD do Benfica. A CMVM não adiantou detalhes ao PÚBLICO, por se tratar de matéria sujeita a segredo. Mas os “encarnados” poderão voltar a ter de prestar esclarecimentos ou, no limite, ser alvo de um processo de contra-ordenação. Não seria a primeira ocasião em que o Benfica cometia uma infracção na difusão da informação ao mercado. Em 2009 a SAD “encarnada” foi multada em 40 mil euros por ter negado a existência de negociações por Ramires com o Cruzeiro, para logo no dia seguinte tornar a transferência oficial.

Sugerir correcção
Comentar