Os guerrilheiros do Atlético de Madrid feriram o exército do Bayern Munique
Um golo solitário bastou para que o emblema espanhol se colocasse em vantagem na primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões. Alemães pressionaram na segunda parte mas não marcaram.
“Na guerra, não ganha quem tem mais soldados, mas quem utiliza melhor os soldados que tem”, disse na véspera do duelo desta quarta-feira à noite, entre o Atlético de Madrid e o Bayern Munique, o treinador argentino do emblema espanhol. E foi o exército mais pequeno, com menos armamento e menor poder de fogo que ganhou a batalha — a primeira mão da meia-final da Liga dos Campeões. Resta saber se a guerra será mesmo ganha pelos homens de Diego Simeone.
Para já, o Atlético tem motivos para festejar. Saiu ileso do embate com o poderoso Bayern, graças, acima de tudo, à iniciativa individual do espanhol Saúl Ñiguez, nos minutos iniciais da partida. O jovem de 21 anos pegou na bola pouco depois do meio-campo, deixou por terra dois adversários e disparou de forma indefensável, inaugurando o marcador logo aos 11’.
Assistia-se ao melhor período dos “colchoneros”, que entraram em campo determinados em causar estragos o mais cedo possível, utilizando uma espécie de táctica de guerrilha: a surpresa. Ñiguez (3’) e Torres (8’) foram os primeiros a ameaçar a baliza de Neuer nesta fase. Recorrendo a uma pressão alta e a um futebol veloz o Atlético conseguiu confundir o adversário nos primeiros 15 minutos, baralhado com tantos jogadores a correrem à sua volta, e foi graças a esta estratégia que o Bayern sofreu o seu primeiro — e único — “ferimento”.
Depois de ter colocado o joelho no chão, a equipa de Pep Guardiola foi aos poucos recuperando a postura. Apesar de ter ganho apenas por duas vezes nas últimas 12 deslocações que fez a Espanha e de ter empatado os seus últimos dois jogos fora na Champions (frente à Juventus e ao Benfica), o Bayern não perdeu a cabeça. Reagrupou as tropas e depois do intervalo surgiu mais forte. Durante meia-hora empurrou para junto da sua baliza o Atlético, que soube sofrer. Alaba, num “tiro” de muito longe, ainda acertou na barra da baliza à guarda de Oblak, naquela que foi a mais flagrante ocasião de golo dos bávaros em todo o encontro, mas o Atlético esquivava-se como podia dos golpes do opositor.
Oportunista, a equipa da casa esteve muito perto de matar o jogo e, muito provavelmente a eliminatória, num contra-ataque esporádico e quase bem sucedido: Griezmann aproveitou uma perda de bola alemã para, no momento certo, assistir Torres, que tirou um adversáro da frente e rematou para acertar no poste (na recarga Koke denunciou o remate e permitiu a defesa a Neuer).
Pouco depois, o árbitro assinalava o fim do jogo, com o Atlético a conseguir manter um registo quase perfeito nos jogos europeus que tem realizado no seu estádio — venceu 25 dos últimos 30, sendo que a última derrota foi com o Benfica (2-1) na fase de grupos desta edição da Champions.
Do outro lado da barricada ficou um Bayern que, como já é habitual, terminou a partida com muito mais posse de bola do que o seu opositor — ontem o registo foi de 69% contra 31% — mais remates efectuados — 15 contra 7 — e a convicção de que, em Munique, conseguirá derrotar o Atlético, apesar de a equipa madrilena não ter sofrido qualquer golo nos seus últimos cinco jogos. Uma crença que assenta em números impressionantes. No seu terreno o Bayern venceu todos os seus últimos 11 embates para a Liga dos Campeões, tendo marcado 41 golos e sofrido apenas seis.
“No próximo fim-de-semana vamos tentar ganhar o campeonato e depois pensaremos no jogo com o Atlético [que se joga dia 3 de Maio]”, disse Pep Guardiola, a poucos dias de abandonar a liderança do clube germânico, rumo ao Manchester City. Uma despedida que pode ficar para a história, já que se vencer a Bundesliga, o Bayern será o primeiro emblema a ser tetracampeão germânico e se ganhar a Champions, Guardiola conquistará o único troféu que ainda não levantou ao serviço dos bávaros. Resta saber se terá “tropas para tanta guerra”.