O escolhido vai substituir António Mega Ferreira, cujo mandato termina na próxima segunda-feira. Sem justificar a não recondução de Mega Ferreira, que poderia exercer mais um mandato de três anos, Francisco José Viegas, destacou apenas, em comunicado, a forma exemplar como este executou os seus cargos, "dando provas de brilho, criatividade e responsabilidade no cumprimento da missão que lhe foi incumbida".
Vasco Graça Moura, de 70 anos, é assim o seu sucessor, ficando responsável pela direcção administrativa e financeira do CCB, assim como pelos recursos humanos e toda a gestão do espaço. "A escolha de Vasco Graça Moura para presidir à Fundação Centro Cultural de Belém no mandato que agora se inicia, corresponde a um novo ciclo de desafios para o cumprimento do serviço público do CCB na área da Cultura, desafios esses que Vasco Graça Moura, pela sua ampla experiência aliás reconhecida de forma inequívoca, será certamente capaz de enfrentar da melhor forma ao longo dos próximos três anos", escreveu em comunicado o secretário de Estado da Cultura.
A SEC destaca ainda o "amplo currículo reconhecido a nível nacional e internacional" de Vasco Graça Moura, que inclui diversos cargos públicos de relevo na área da Cultura.
Para o cargo ocupado por Margarida Veiga, a SEC apontou a historiadora de Arte Dalila Rodrigues. Professora, investigadora e autora de livros e artigos científicos, Dalila Rodrigues exerceu os cargos de directora do Museu de Grão Vasco, do Museu Nacional de Arte Antiga e da Casa das Histórias Paula Rego, para além do cargo de Directora de Comunicação, Marketing e Desenvolvimento da Casa da Música.
Miguel Leal Coelho, responsável pelas actividades comerciais e o centro de espectáculos, é assim o único membro da administração que continua no cargo, uma vez que foi nomeado a 3 de Novembro de 2010, terminando o seu mandato em 2013.
Nascido no Porto em 1942, Vasco Graça Moura licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Foi administrador da Imprensa-Nacional Casa da Moeda, presidente da Comissão Executiva da Comissão das Comemorações do Centenário de Fernando Pessoa e da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos.
Foi também director da Fundação Casa de Mateus e do serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian, e ainda comissário-geral de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha e o de director.
Advogado, escritor e tradutor, Vasco Graça Moura foi duas vezes secretário de Estado em Governos Constitucionais e deputado europeu, entre 1999 e 2009, sempre pelo PSD. O escritor foi ainda um dos apoiantes da decisão de Passos Coelho de terminar com o Ministério da Cultura, defendendo que seria mais eficaz a cultura ficar na dependência da presidência do Conselho de Ministros.
Como escritor, Vasco Graça Moura conta com uma vasta bibliografia, destacando-se os romances "Quatro Últimas Canções" (1987) e "Meu Amor Era de Noite" (2001), os livros de poesia "Uma Carta no Inverno" (1997), que lhe valeu o prémio da APE, e "Poemas com Pessoas" (1997). Em 1995, recebeu o Prémio Pessoa e, em 1998, a medalha de ouro da Comuna de Florença, ambos atribuídos à sua tradução da "Divina Comédia de Dante". Em 2007, por decisão unânime do júri, o Ministério da Cultura de Itália considerou-o o melhor tradutor estrangeiro de obras italianas.
Graça Moura tem sido ainda uma das vozes mais críticas do Acordo Ortográfico, que considera que apenas “serve interesses geopolíticos e empresariais brasileiros, em detrimento de interesses inalienáveis dos demais falantes de português no mundo".
Notícia actualizada às 16h20