Trabalhos para identificar sepultura de Nasoni nos Clérigos arrancam esta semana
O arquitecto italiano foi quem, há mais de 200 anos, projectou a Igreja dos Clérigos e a torre anexa, de 76 metros de altura com uma escada em espiral com 240 degraus, que é considerada o ex-líbris da cidade do Porto.
As obras que decorreram em 2014 na Igreja dos Clérigos puseram a descoberto uma cripta do século XVIII e o presidente da Irmandade, Américo Aguiar, admite que uma delas seja do arquitecto Nicolau Nasoni.
Em declarações à Lusa, a coordenadora do projecto em causa, Eugénia Cunha, do departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra, afirmou que o trabalho “é muito mais complexo do que aquilo que se previa”, tendo em conta que existem “pelo menos 20 corpos” na cripta, alguns de homens.
Aquando da descoberta, em Dezembro do ano passado, a Irmandade dos Clérigos referiu terem sido descobertos pelo menos dez corpos, mas agora, após uma primeira avaliação feita pelos investigadores de Coimbra ao local, o número duplicou.
Segundo Eugénia Cunha, além de existirem muito mais sepulturas, “a qualidade do ar [na cripta] é má”, porque “há uma grande carga fúngica”, o que dificulta também o trabalho, cujo arranque está previsto para esta semana.
O arquitecto italiano foi quem, há mais de 200 anos, projectou a Igreja dos Clérigos e a torre anexa, de 76 metros de altura com uma escada em espiral com 240 degraus, que é considerada o ex-líbris da cidade do Porto.
O trabalho de antropologia forense para tentar encontrar naquelas sepulturas Nicolau Nasoni será feito por exclusão de partes, ou seja, perante todos os corpos ali depositados serão excluídos os do sexo feminino, bem como o dos homens mais novos, por exemplo.
A coordenadora do projecto referiu que a identificação depende sempre de diversos factores, como o estado de conservação dos corpos, a roupa que usam e a possível indicação nos caixões de uma data, por exemplo.
Existem pelo menos 20 corpos, “alguns de homens”, e há “caixões íntegros e outros destruídos”, especificou.
Após concluída uma primeira fase de avaliação às sepulturas, a equipa de investigadores só poderá identificar Nicolau Nasoni por comparação: ou com os dados do próprio arquitecto ou de familiares que ainda existam.
“A equipa de investigação vai ter essa linha de pesquisa também”, concluiu Eugénia Cunha.
Em Dezembro, Américo Aguiar lembrou que o Nasoni foi enterrado na Igreja dos Clérigos por sua vontade, mas não se sabe onde, pelo que a descoberta da cripta “aguçou a curiosidade”.
“Será que os meus antepassados na função, ao fazer-lhe [Nicolau Nasoni] o funeral, lhe dedicaram um espaço na cripta, em vez de o pôr no corpo da igreja?”, questionou, então.