Thom Yorke diz não ao Spotify e a indústria já está a reagir

Líder dos Radiohead critica os baixos pagamentos feitos pelo serviço de streaming.

Músico retirou o seu álbum a solo e o que lançou este ano com os Atoms For Peace
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Músico retirou o seu álbum a solo e o que lançou este ano com os Atoms For Peace Reuters
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Thom Yorke

Foi no domingo que Thom Yorke, juntamente com o produtor Nigel Godrich, criticou o Spotify, serviço que chegou no início do ano a Portugal, queixando-se no Twitter que este não é um negócio rentável para os músicos, “que não recebem dinheiro nenhum”.

Yorke escreveu ainda que o Spotify apenas está preocupado com os accionistas e não com os artistas, principalmente os que estão agora a entrar na indústria musical. Em forma de protesto o músico decidiu então retirar do serviço o seu álbum a solo, The Eraser, e o disco de estreia dos Atoms for Peace, AMOK, editado este ano. “Não quero fazer parte disto”, escreveu o músico. As músicas dos Radiohead no entanto continuam disponíveis.

As reacções à decisão de Thom Yorke não demoraram e a discussão está agora aberta. Afinal este é ou não um caminho viável para os músicos?

Com as vendas físicas a cair - uma tendência dos últimos anos -, é preciso procurar alternativas, que de acordo com os números recentes parecem estar a resultar. Desde que em 2008 o Spotify foi lançado, primeiro na Suécia, e actualmente já em 28 países, já foram pagos 500 milhões de dólares (aproximadamente 382 milhões de euros) em direitos de autor. O pagamento é feito em função de cada música que é ouvida, e do tipo de serviço subscrito, gratuito ou pago. Cada stream vale menos de um cêntimo, mas quanto mais audições tiver maior será a receita.

É exactamente com este último ponto que o líder dos Radiohead não concorda, uma vez que para artistas novos e ainda desconhecidos do grande público é difícil ter um número significativo de streams.

Mas em resposta às críticas de Yorke, o Spotify já fez saber em comunicado que uma das missões da empresa passa pela promoção de novos talentos. “Queremos fazer um serviço de música de qualidade que as pessoas gostem e com o qual se identifiquem, que eventualmente possam pagar para usufruir e que possa servir de suporte financeiro à indústria da música para investir em novos talentos”, lê-se no comunicado, que acrescenta ainda que grande parte da quantia angariada “está a ser aplicada na promoção e produção de novos talentos e novas músicas”.

No Twiiter, Daniel Ek, CEO do Spotify, defendeu a empresa para a qual trabalha, escrevendo que o “streaming é hoje uma grande fonte de receitas” e deu como exemplos o lançamento dos álbuns dos Daft Punk e do norte-americano Jay-Z que bateram recordes de venda depois de terem estado disponíveis para audição no Spotify uma semana antes de terem chegado às lojas.

Também Stephen Street, conhecido produtor dos Blur e dos The Smiths, reagiu à polémica chamando hipócrita a Yorke. Para o produtor, o líder dos Radiohead foi dos primeiros a desvalorizar o mercado da música digital ao oferecer gratuitamente o álbum In Rainbows em 2007. Na altura, a banda permitiu que os fãs pagassem o que quisessem pelo álbum, não sendo sequer obrigatório pagar algum valor. “É um bocadinho irónico que seja o Thom Yorke a dizer que o Spotify não funciona para os novos artistas. É exactamente o que eu disse quando os Radiohead disponibilizaram o seu álbum de graça/paga o que quiseres há uns anos”, disse Stephen Street, para quem os Radiohead na altura passaram a mensagem errada de que a música não tem valor. “Super estrelas com 10 anos de investimento da EMI por trás.”

Ao que Yorke respondeu de seguida: “Para mim In Rainbows foi uma declaração de confiança. As pessoas ainda valorizam a música nova. Era tudo o que queríamos que o Spotify fizesse”.

Já esta manhã, o músico escreveu que não está a gostar de ser alvo de difamação. “Temos o direito de discutir e optar por sair do Spotify. O debate é importante.”

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