Teatro Nacional de São João com novos horários, novos preços e novos bares em 2015

Nuno Carinhas mantém-se como director artístico até ao final do ano, embora subsistam dúvidas sobre a duração do mandato renovado em Outubro.

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La Vida es Sonho, a partir de Calderón de la Barca, será a primeira estreia do ano no S. João JOÃO GARCIA MIGUEL/MIGUEL LOPES
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Eis o Homem abre a temporada do TNSJ a 8 de Janeiro PAULO CUNHA MARTINS
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Em I don't belong here Dinarte Branco e Nuno Costa Santos inquirem o destino dos repatriados norte-americanos e canadianos devolvidos bruscamente aos Açores FERNANDO RESENDES
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A Guerra Colonial de pais para filhos: O que é que o teu pai não te contou da guerra?, de Fernando Giestas, mergulha nos silêncios de uma geração LUÍS BELO

Além dos novos horários, que serão testados ao longo do primeiro trimestre de 2015, o TNSJ vai introduzir também novos preços para os espectáculos do Teatro Carlos Alberto (TeCA) e do Mosteiro de São Bento da Vitória (que descem de 12 para dez euros), assim como visitas guiadas multilíngues ao edifício principal do teatro, recentemente restaurado, e a legendagem "da maioria" das produções da casa. O objectivo é responder à actual dinâmica turística da cidade, expandindo o público potencial das três salas tuteladas pelo TNSJ em pleno centro histórico (mais de 80 mil espectadores em 2014, números ainda não definitivos) e afirmando a vocação internacional da instituição, na linha da Fundação de Serralves e da Casa da Música.

É missão não só para 2015, como para todo o próximo triénio, agora que o Conselho de Administração viu finalmente renovado o seu mandato – em situação mais precária fica o director artístico, Nuno Carinhas, que se mantém no cargo "pelo menos até ao final do ano", uma vez que subsistem dúvidas sobre a retroactividade do despacho que em Outubro renovou, já bastante fora do prazo, o seu mandato por mais três anos. Já esta sexta-feira, em nota enviada à redacção do PÚBLICO, a Secretaria de Estado da Cultura esclarecia que o director artístico do TNSJ "foi reconduzido por decisão do Governo para um novo mandato de três anos", válido para o triénio 2013-2015.

Ainda assim, foi Nuno Carinhas que, com a sua habitual discrição, apresentou a programação para os próximos três meses: cinco estreias absolutas, entre as quais a primeira encenação mundial do texto O Fim das Possibilidades, do francês Jean-Pierre Sarrazac, co-criação do próprio Carinhas e de Fernando Mora Ramos que ocupará o palco do TNSJ de 13 a 27 de Março.

Mas a primeira estreia do ano no São João será La Vida es Sonho, ataque de João Garcia Miguel à obra-prima de Calderón de la Barca (9 a 18 de Janeiro) que promete virar o clássico de pernas para o ar, investindo nele a matéria fundamental do trabalho do encenador português, "o corpo do actor e o corpo do espectador": "Mais uma vez, tratar-se-á do teatro interrogando-se a si próprio no imediato e no presente-futuro que se segue", explicou João Garcia Miguel.

Micaela Cardoso, que terá em Zerlina, de Hermann Broch, o seu primeiro monólogo e a sua primeira experiência como encenadora (Mosteiro de São Bento da Vitória, 12 a 22 de Fevereiro), As Boas Raparigas, que retomam o trabalho continuado com Rogério de Carvalho agora em cima de um texto de Jean-Luc Lagarce, Music-Hall (TeCA, 13 de Fevereiro a 1 de Março), e Fernando Giestas, que interroga a Guerra Colonial e o fosso geracional entre pais e filhos em O que é que o pai não te contou da guerra?, também com encenação de Rogério de Carvalho (20 a 29 de Março, TeCA), são os outros grandes protagonistas da temporada.

Mas pelo TNSJ passarão também espectáculos já estreados como Eis o Homem, criação de Marta Freitas a partir de Nietzsche e dos inputs dos actores José Eduardo Silva e Adolfo Luxúria Canibal (TeCA, 8 a 17 de Janeiro), o inquérito de Dinarte Branco e Nuno Costa Santos às vidas interrompidas dos cidadãos norte-americanos e canadianos bruscamente repatriados para os Açores, I don't belong here (21 a 25 de Janeiro, TeCA), a Gata em Telhado de Zinco Quente anti-cinematográfica dos Artistas Unidos (TNSJ, 5 a 22 de Fevereiro), o novo circo da Erva Daninha, com Nove's Fora (Mosteiro de São Bento da Vitória, 25 a 28 de Março) e o díptico infantil Poemas para Bocas Pequenas O que é uma coisa é? (27 e 28 de Janeiro e 25 e 26 de Fevereiro, respectivamente). 

Duas conferências "mitológicas" de José Maria Vieira Mendes (a primeira, a 4 de Março, sobre o paradigma do teatro pós-dramático, e a segunda, uma semana depois, sobre o mito do público), uma série de estreias fora de portas que a seu tempo passarão pelo TNSJ (o regresso de John Romão a Pier Paolo Pasolini, com Pocilga, um Tchékhov revisitado por Martim Pedroso e um novo texto de Jacinto Lucas Pires, Meio Corpo, saído directamente para as mãos de Ricardo Pais) e um ciclo de Leituras no Mosteiro integralmente dedicado à obra dramática de Rainer Werner Fassbinder completam a agenda do S. João para os primeiros três meses de 2015.

Nos intervalos, os espectadores ficam entregues aos mini-hambúgueres de leitão e às crackers de caviar de beringela de Rui Paula. 2015 será o ano que acabará definitivamente com o dilema "jantar fora ou ir ao teatro": por cinco euros, assegurou o novo concessionário dos bares do TNSJ, será possível sair do S. João de barriga cheia. 

 

Notícia actualizada às 15h17 acrescentando esclarecimento da Secretaria de Estado da Cultura

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