O sindicato dos realizadores (Directors Guild of America – DGA), que no ano passado distinguiu Ben Affleck por Argo, anunciou na segunda-feira em comunicado que esta alteração acontece tendo em conta “o crescente número de conteúdos originais criados especificamente para a Internet por realizadores nossos e as suas equipas”.

A partir de agora, estas séries e filmes que apenas são difundidos na Internet passam a concorrer com as grandes produções exibidas nos cinemas e nas televisões e podem ser nomeadas em oito categorias, entre as quais se destacam as nomeações para melhor comédia, drama, minissérie ou filme e documentário.

Esta decisão de incluir programas produzidos e distribuídos online, através de serviços como o Netflix, o Youtube e outros canais do género, surge depois de também o sindicato dos argumentistas norte-americanos (Writers Guild of America – WGA) ter alterado as regras dos seus prémios no mesmo sentido. Os prémios destes dois sindicatos são sempre uma referência para os Óscares, uma vez que muitos dos seus membros são também membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, ou seja, escolhem e votam nos filmes nomeados e, depois nos vencedores, dos prestigiados prémios.

“Se se vê um programa numa televisão, online, num portátil ou num aparelho móvel, um excelente argumento ou uma história formidável merecem o mesmo reconhecimento”, escreveu então em comunicado os presidentes do sindicato, Christopher Keyser e Michael Winship, acrescentando que esta mudança de regras de elegibilidade “reflecte a evolução dos modelos de distribuição da indústria do divertimento”.

No dia 18 de Julho, o drama político House of Cards fez história ao ser nomeado em nove categorias, entre elas a de melhor série dramática, para os Emmys, os principais prémios de televisão nos Estados Unidos, entregues pela Academia de Artes e Ciências da Televisão.

A série, que foi a primeira produção nos Estados Unidos da Netflix (um serviço de vídeo on-demand) e levou três anos a ser produzida, num investimento de 100 milhões de dólares (75 milhões de euros), foi a primeira do género a ser nomeado para as categorias principais destes prémios. Além de estar na corrida à estatueta de melhor série dramática, os seus protagonistas, Kevin Spacey e Robin Wright, concorrem nas categorias principais da representação numa série dramática.

Outra série do Netflix, Arrested Development, também foi nomeada para os Emmys mas em três cataegorias, entre elas de melhor actor numa série de comédia para Jason Bateman, assim como Hemlock Grove concorre em duas categorias.

Na altura, Ted Sarandos, responsável pela gestão de conteúdos do Netflix, disse ao New York Times que estas nomeações provam que "televisão é televisão", independentemente do meio onde é vista. O responsável destacou ainda a abertura dos membros votantes dos Emmys que conseguiram finalmente nomear séries que apenas estão disponíveis online.

Apesar destas mudanças de regras nos sindicatos, para os Emmys há já sete anos que os conteúdos produzidos e difundidos online podiam ser nomeados, acontece é que até agora nunca nenhum programa tinha sido escolhido. O presidente da Academia de Artes e Ciências da Televisão, Bruce Rosenblum, destacou quando as nomeações foram anunciadas que os Emmys querem distinguir o que de melhor se faz na televisão, independentemente do meio. "A televisão pode ser por cabo, on-demand e na Internet", defendeu.

Resta agora perceber se esta mudança de paradigmas, que este ano já tinha sido defendida por Steven Spielberg e George Lucas, chegará também aos Óscares.

A entrega dos Emmys, conhecidos como os Óscares da televisão norte-americana, acontece a 22 de Setembro, enquanto os prémios do sindicato dos realizadores e dos argumentistas são anunciados a 25 de Janeiro e um de Fevereiro de 2014, respectivamente.