Pólo Serralves 21 previsto para Matosinhos foi cancelado
O cancelamento do concurso internacional para a construção de Serralves 21, prevista para os terrenos da antiga fábrica Efanor, foi decidido há pouco mais de uma semana. A razão foi a anulação da comparticipação comunitária de 27,2 milhões de euros (para um custo global estimado em 42 milhões), que estava prometida através do Programa Operacional de Valorização do Território do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional).
“Não conseguimos convencer as entidades que contactámos a assegurar-nos a verba de que necessitávamos [cerca de 12 milhões de euros] para garantir aquele apoio comunitário”, justifica Luís Braga da Cruz, lamentando que o processo tenha tido este desfecho. Mas o presidente da administração de Serralves acredita que o projecto pode vir ainda a ser repensado e também mantido em Matosinhos, em moldes “ajustados à nova realidade”.
Guilherme Pinto, presidente da Câmara de Matosinhos, entidade parceira no projecto Serralves 21, lamenta o desfecho agora anunciado. “Para a Câmara de Matosinhos sobra a ilação de que, em situações futuras, temos de nos envolver mais na negociação dos projectos”, diz o autarca, não sem alguma crítica ao modo como Serralves conduziu o processo. Mas garante que o protocolo que Matosinhos tem com a Fundação portuense para o depósito de parte da colecção de obras de arte de Serralves em instalações da autarquia “não está em causa”.
A informação sobre o cancelamento do concurso para a construção de Serralves 21 não tinha ainda chegado, na tarde de ontem, ao atelier de Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa no Japão. A arquitecta Fátima Fernandes, do atelier Cannatà & Fernandes, que é o representante no Porto do atelier japonês, lamentou essa falta de informação. Mas diz que não ficou surpreendida com o cancelamento, notando que se trata de “situações habituais na vida dos arquitectos”. Fátima Fernandes considera, no entanto, que o cancelamento é “uma decisão grave para o norte do país, porque se fica a perder um projecto que era fundamental para potenciar as artes e as indústrias criativas”.
Serralves 21 seria um centro de arte polivalente, que conteria espaços museológicos, galerias de exposições, espaço para reservas, um edifício multifuncional para actividades didácticas e para serviços administrativos e ainda um módulo exclusivamente destinado às Indústrias Criativas.