Paris vai ter uma rua Dora Bruder

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Dora Bruder, ao centro, com a mãe e o pai dr

 A autarca explica que após a atribuição do Nobel da Literatura a Modiano releu alguns dos seus livros e ficou “imensamente emocionada” com Dora Bruder, tendo logo então tomado a decisão de honrar “este nome” na toponímia parisiense, uma deliberação que só aguarda agora luz verde da comissão municipal responsável pela denominação das ruas e praças da capital francesa. Não é talvez por acaso que o comunicado de Hidalgo usa a expressão “dar este nome”, já que esta tanto é uma homenagem à Dora Bruder histórica como ao romance de Modiano e à personagem que este recria.

Quando o romancista se cruza pela primeira vez com Dora Bruder, esta estava já morta há 45 anos, mas Modiano não o sabia. Ignorava tudo sobre Dora, salvo que se chamava assim e que fugira de casa dos pais em 1941, quando tinha 15 anos. Foi em Dezembro de 1988 , ao folhear um velho exemplar do Paris-Soir, que deparou com um anúncio do casal Bruder, que procurava a filha desaparecida.

O texto precisava que Dora media 1,55m, tinha rosto oval e olhos cinzentos, e vestia um casaco desportivo cinzento e uma camisola bordeaux. Quaisquer informações deveriam ser enviadas para o n.º 41 do boulevard Ornano, onde a família vivia. Modiano, que também ensaiara umas fugas de casa pela mesma idade e que conhecia bem o bairro de Dora, sentiu-se de algum modo cúmplice desta desconhecida e não descansou enquanto não descobriu o que lhe acontecera.

Com a ajuda de Serge Klarsfeld, um activista envolvido em diversos processos contra criminosos de guerra alemães e franceses, seguiu-lhe o rasto até ao campo de internamento de Darcy e, depois até às câmaras de gás de Auschwitz, onde Dora Bruder foi morta em 1943. Uma nova edição portuguesa do livro de Modiano (a primeira saiu na ASA em 1988) vai ser lançada pela Porto Editora no próximo dia 30.

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