Oliveira faz filmes “cada vez mais curtos”, mas continua a dar vivas ao cinema
O realizador de O Velho do Restelo foi esta terça-feira feito Grande Oficial da Legião de Honra de França, no Porto. O novo filme estreia-se em Portugal na quinta-feira, dia do 106º aniversário.
Foi na sala da administração do Museu de Serralves – que se mostrou pequena para tantos admiradores e família do realizador de O Velho do Restelo, mas visivelmente confortável e afectiva – que o embaixador de França, François Blarel, impôs a faixa vermelha e as insígnias (duas estrelas) com que o Presidente François Hollande atribuiu a Oliveira o grau “dignitário” de Grande Oficial da Legião de Honra.
Antes, depois das boas-vindas do presidente de Serralves, Luís Braga da Cruz, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, saudaram a figura e a obra de Oliveira.
Na biografia sucinta que traçou da longa vida – as “várias vidas” – do realizador, o embaixador francês classificou-o como “um génio do cinema”, autor de “uma obra de uma modernidade radical, sempre a experimentar novas estéticas”. François Blarel lembrou ainda a relação antiga que Oliveira tem com a França, onde rodou e viu serem apoiados vários dos seus projectos. O realizador, que chegara de pé à sala de Serralves, agradeceu com o sorriso de uma criança feliz. E, no íntimo, terá também pensado: “Viva a França!”.
Novo filme e novo selo
A curta-metragem O Velho do Restelo, o seu filme mais recente, que teve estreia mundial no Festival de Veneza, chega esta quinta-feira às salas portuguesas. Em Lisboa, vai ser exibido no Cinema Ideal e, no Porto, no Teatro Rivoli, no âmbito do festival Porto/Post/Doc, que assim assinala o 106º aniversário do realizador.
Ainda no Porto, o Museu Nacional de Imprensa (MNI) homenageia também Oliveira a 11 de Dezembro com várias iniciativas. Na Estação de São Bento, ao longo de todo o dia, fará a aposição de um carimbo de aniversário. Entre os convidados estarão Fernanda “Teresinha” Matos, a actriz de Aniki-Bóbó (1942), e Ricardo Trepa, neto e actor de Oliveira, que, pelas 11h, lerá um texto dele sobre as relações do capital com o cinema, de 1933.
Os locais de rodagem dos primeiros filmes do realizador na Ribeira portuense vão ser também imortalizados com a instalação de placas em zincogravura com fotogramas de Aniki-Bóbó e de Douro, Faina Fluvial (1931), que serão descerradas por volta do meio-dia.
O MNI edita ainda um selo especial e um postal com a imagem do Prémio Especial de Caricatura do festival PortoCartoon.
Também Serralves se associa à homenagem a Oliveira – cuja futura Casa do Cinema está projectada para o parque da Fundação, segundo um projecto já conhecido do arquitecto Álvaro Siza –, com a edição prevista até final do ano do 3º volume do catálogo relativo à obra do realizador, e que começou a ser lançado em 2008, aquando da realização da grande exposição retrospectiva do centenário. A publicação conclui a conversa sobre a obra de Oliveira, entre João Bénard da Costa, o desaparecido director da Cinemateca, e João Fernandes, ex-director do Museu de Serralves, e contém ainda textos do actor Luís Miguel Cintra e do professor e ensaísta António Preto.
Notícia actualizada às 15h50