Óbidos terá em Outubro um festival inspirado em Paraty
De 15 a 25 de Outubro, 50 escritores juntam-se em Óbidos na primeira edição do Fólio, um festival internacional de literatura que quer ajudar a criar leitores e divulgar autores.
“É uma inspiração sobretudo pela componente festiva e pela capacidade de criar público para o livro”, acrescentou Agualusa, sublinhando o cruzamento entre literatura, música, teatro, artes plásticas e animação de rua que irá mudar a vida de Óbidos durante os dez dias do festival.
Mia Couto, Gonçalo M. Tavares, Pepetela, Reinaldo Moraes, Paulo Lins, Luís Fernando Veríssimo, Ruy Castro, Ungulani Ba Ka Kossa, Richard Zenith e Nelson Motta são alguns nomes já confirmados para o arranque do Fólio, uma ideia de José Pinho, o rosto da Ler Devagar, que um dia, a convite do presidente da Câmara de Óbidos, visitou uma igreja retirada ao culto que seria a primeira de 11 livrarias – até ao momento, há nove a funcionar - a abrir na vila Património da Unesco até ao próximo mês de Outubro.
Passaram quatro anos desde que a Ler Devagar concorreu à exploração do espaço e sugeriu desde logo à Câmara Municipal de Óbidos um projecto maior: a abertura de 11 livrarias e a criação de um festival literário que não seria apenas um, mas cinco. “É esse o projecto que continuamos a defender”, referiu José Pinho após a conferência de imprensa de terça-feira no Martinho da Arcada, onde além de José Eduardo Agualusa estiveram o secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier, o ministro da Cultura do Brasil Juca Ferreira e o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques. Segundo José Pinho, além do festival internacional haverá festivais temáticos ao longo do ano para que Óbidos entre na agenda literária.
“O festival faz parte de uma estratégia importante para estreitar as relações entre Portugal e o Brasil”, referiu Juca Ferreira numa intervenção onde destacou o papel da língua. Por sua vez, Jorge Barreto Xavier sublinhou o facto simbólico de o festival estar a ser apresentado no dia em que o Prémio Camões – o maior da lusofonia - é entregue à escritora Hélia Correia.
Um dos objectivos deste festival orçado em cerca de 550 mil euros e que, com as livrarias, constitui o núcleo de um programa ambicioso a que foi dado o nome de “Óbidos, Vila Literária”, é a criação de leitores e a divulgação de autores à volta daquele que se apresenta como mais ambicioso centro livreiro do país. Agualusa referiu mais uma vez o exemplo brasileiro como dinamizador e capaz de atrair público para os livros e para a literatura e o efeito onda que se espera possa provocar. Sempre com a ideia de festa sublinhada.
Para isso foi criada a Folia, ideia original de Nuno Artur Silva, que abandonou o projecto quando assumiu a administração da RTP e que convidou para o substituir nessa curadoria a jornalista Anabela Mota Ribeiro. A par das mesas, dos debates, de uma residência literária - um escritor ficará a viver numa casa no centro histórico de Óbidos durante três a quatro meses –, os dez dias do festival terão uma programação de concertos, exposições, teatro. “Os festivais, sobretudo os festivais com uma componente de festa, ajudam a criar leitores”, concluiu José Eduardo Agualusa.