O mundo das artes aos pés de Yayoi Kusama, a artista mais popular de 2014
A obra da artista japonesa foi vista por mais de dois milhões de pessoas, 1,7 milhões das quais só no Brasil. Serralves, no Porto, aparece na lista das 650 exposições mais visitadas no mundo com três mostras diferentes.
A popularidade de Yayoi Kusama em 2014 mede-se de forma simples: a exposição retrospectiva da japonesa, Infinite Obsession (Obsessão Infinita), foi a mais visitada do mundo. A mostra, a percorrer a América Latina, chegou ao Brasil no ano passado, depois de ter estado na Argentina em 2013, e atirou o país para os lugares cimeiros das exposições mais visitadas, à frente de grandes instituições dos Estados Unidos ou Reino Unido, sempre presentes neste ranking das artes.
Infinite Obsession, que oferece uma visão global da carreira de Kusama, com desenhos, pinturas, colagens, esculturas, fotografias e instalações, esteve, entre o final de 2013 e o Verão de 2014, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro e em Brasília, e no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, tendo rumado em Setembro para o México, onde esteve até Janeiro deste ano. É por isso no Brasil que a artista mais se destaca, tendo a sua exposição sido procurada por mais de 1,7 milhões de pessoas com uma média de visitas diárias que variou entre as sete mil e as nove mil.
“A Kusama é a única das nossas artistas que vende em todos os continentes”, reagiu ao The Independent o co-director da galeria Victoria Miro que representa a japonesa no Reino Unido, Glenn Scott Wright, para quem a artista, que sofre de transtorno obsessivo-compulsivo, “é rara”.
Yayoi Kusama vive num hospital psiquiátrico no Japão, para onde foi de livre vontade em 1977, depois de ter vivido quase duas décadas em Nova Iorque, onde conheceu, por exemplo, Andy Warhol. Nas suas obras representa as alucinações de que sofre e uma das suas maiores obsessões são os pontos. Hoje a sua arte é conhecida como Polka Dot. É esta a sua maneira de mostrar aos outros as coisas que só ela vê durante as crises que tem.
A obra da japonesa tem viajado por todo o mundo, do Centre Georges Pompidou, em Paris, ao MoMA, de Nova Iorque, à Tate Modern, em Londres. Segundo o The Art Newspaper, é muito provável que a artista apareça novamente nos tops de 2015, uma vez que Infinite Obsession continua a sua viagem pela América do Sul – está até 7 de Julho em Santiago do Chile. Ao mesmo tempo, uma segunda retrospectiva está a ser mostrada na Ásia desde 2013: começou na Coreia do Sul e está agora em Taiwan, viajando depois para Nova Deli.
O The Art Newspaper chama-lhe a “rapariga propaganda para a globalização da arte contemporânea”, notando que a artista bateu nomes como Jeff Koons. Aquela que foi apresentada como uma das grandes exposições do calendário das artes em 2014 não entra sequer no top 20. O Whitney Museum despediu-se do edifício da Madison Avenue com a maior exposição que dedicou a um único artista, todo o seu museu foi para a obra de Jeff Koons, naquela que foi a sua primeira retrospectiva em Nova Iorque, mas as visitas fixaram-se nas 318.932 – o que dá uma média de 3869 visitas diárias.
O top 20 é na, verdade, encabeçado por três exposições no Museu do Palácio Nacional de Taipei, em Taiwan. A mais visitada foi Grandes Mestres da Dinastia Ming: Tang Yin, que atraiu 1,1 milhões de pessoas (cerca de 12800 visitas diárias). Yayoi Kusama não está em primeiro no top porque as exposições são separadas por museus – a soma das mostras é que a coloca na frente. Destaque ainda neste ranking para o Centro Cultural do Banco do Brasil, em especial no Rio de Janeiro, que aparece logo a seguir ao Museu do Palácio Nacional de Taipei com a exposição dedicada a Salvador Dalí e a retrospectiva do brasileiro Milton Machado, ambas tiveram mais de 9 mil visitas diárias, além de Infinite Obsession. O Art Newspaper nota, no entanto, como estas exposições brasileiras, inclusive a da japonesa, tiveram entrada gratuita.
Nas 20 exposições mais visitadas há apenas duas na Europa. Em 14º: Van Gogh/Artaud. The Man Suicided by Society, no Museu d’Orsay, em Paris. A exposição que apresentava 45 pinturas e sete desenhos de Van Gogh (1853-1890) ao lado dos textos do poeta e dramaturgo Antonin Artaud (1896-1948) foi visitada por 654.291 pessoas, um recorde para o museu parisiense. E em 20º, a Galeria Saatchi, em Londres, com a sua exposição de arte ucraniana, Premonition.
O MoMA surge na lista com duas mostras mas destaca-se por ter 21 das 30 exposições mais visitadas em Nova Iorque, a começar com Magritte: the Mystery of the Ordinary.
No total são 650 exposições listadas pelo jornal especializado. Instituições portuguesas na lista apenas há uma, o Museu Serralves, no Porto, que aparece com três mostras diferentes: Projeto Sonae//Serralves: Nairy Baghramian (1098 visitas diárias), Marwan: Primeiras obras 1962-1972 (1080 visitas diárias) e Mira Schendel (1077 visitas).
No seu relatório anual, o Art Newspaper faz ainda contas aos museus mais visitados do mundo, listando os 100 que se destacam. Sem surpresas, o Museu do Louvre, em Paris, está em primeiro lugar com 9,2 milhões de visitantes – está nesta posição desde que o jornal faz estas contas, há sete anos. Segue-se o British Museum, em Londres, com 6,6 milhões de visitantes e a National Gallery, também em Londres, com 6,4 milhões – a National Gallery viu os seus números crescerem em 2014 graças ao sucesso das exposições Veronese e Late Rembrandt. O Metropolitan Museum of Art (Met), em Nova Iorque, é o quarto mais visitado, embora tenha registado uma quebra em relação ao ano anterior, ao mesmo tempo que o Museu Nacional da Coreia, em Seul, entrou em 2014 para o top, na 9ª posição, ao registar um aumento de meio milhão de visitas, conseguindo um total de 3,53 milhões. O Museu d’Orsay encerra o top 10.
Os museus mais visitados do mundo:
- Louvre (Paris) – 9,2 milhões de visitants
- British Museum (Londres) – 6,6 milhões
- National Gallery (Londres) – 6,4m milhões
- Metropolitan Museum of Art (Nova Iorque) – 6,1 milhões
- Museus do Vaticano (Cidade do Vaticano) – 5,8 milhões
- Tate Modern (Londres) – 5,7 milhões
- Museu do Palácio Nacional (Taipei) – 5,4 milhões
- National Gallery of Art (Washington DC) – 3,8 milhões
- Museu Nacional da Coreia (Seul) – 3,53 milhões
- Museu d’Orsay (Paris) – 3,5 milhões