O design português é LEVE e vai passar o fim-de-semana ao Brasil
Uma exposição em São Paulo, integrada na programação do Ano do Design Português, junta 31 peças de 27 designers de 12 a 16 de Agosto.
De 12 a 16 de Agosto, a exposição LEVE, que tem um orçamento de 30 mil euros, pousa no São Paulo Design Weekend com comissariado de Guta Moura Guedes (também comissária do ADP), que em finais de Junho apresentou aos curadores “um grande desafio”. Levar o design de produto de autoria portuguesa para uma estreia no evento brasileiro, mostrar as “abordagens plurais” dos projectos portugueses.
Entre os objectivos e factores integrais da exposição, desenhada por André Lopes e Manuel Amaral Netto, repete-se o desejo de vincar a tradição artesanal portuguesa e de mostrar os laços possíveis da indústria e do design - “definir e criar marcas com valor acrescentado é o nosso futuro”, postula Guilherme Braga da Cruz. Os materiais são diversos, os locais e contextos de produção também.
Há vidro, cortiça, cerâmica, uma tapeçaria (Nothing to Hide, de Rita Botelho), cutelaria, madeiras, olaria, objectos produzidos em série, protótipos, peças únicas, séries limitadas ou exemplares de autor. Cadeiras de Marco Sousa Santos (Shell, Barca) ou de Pedro Silva Dias (Tonc), e outros exemplares de peças cuja beleza não se esgota no olhar ou no toque.
Os comissários destacam como há uma forma portuguesa de “olhar para o design através do processo”. “Um objecto não pode ser só simplesmente bonito ou feio, conta histórias”, diz o curador e designer ao Ípsilon. Exemplo: Cerne, de Samuel Reis, uma peça de vidro soprado acompanhado do seu molde – um pedaço de tronco de alfarrobeira, esculpida pelo designer que arquitectou que o vidro se soprasse e formasse através dele, conta Guilherme Braga da Cruz.
“Dignificar” é uma palavra que vai repetindo em torno dos desejos da mostra e da viagem destes trabalhos até ao Jockey Club paulista – aplica-se à “cultura portuguesa no design”, ao que quer que o visitante brasileiro ou de outras nacionalidades veja no Espelho de Esquina de Filipe Alarcão, que leve consigo depois de passar os olhos pelo banco Avô de Rui Alves, pelo já emblemático banco Pata Negra de Fernando Brízio ou pelo faqueiro Malmö de Miguel Soeiro. “Há uma grande variedade de pensamento e linguagens formais nos objectos” desenhados por estes designers portugueses, defende, e sobressai a sua “qualidade de produção”.
Há peças site-specific, projectadas para o país em que o designer aterra (Bruno Carvalho), há parcerias da indústria próspera e/ou very typical para a linha Matéria da Corticeira Amorim ou para a Bordallo Pinheiro. Diferentes gerações e experiências, de homens e mulheres que trabalham a partir de Portugal ou no estrangeiro, a solo ou em equipa, o brilho da Line Chair de Toni Grilo ou a crueza pura do alumínio e do mármore da T Table dos Pedrita.
Em Maio de 2014, na apresentação do ADP, a comissária Guta Moura Guedes queria “fugir do formato das exposições e entrar no formato de produção de projecto”, apostando em sites, apps, livros e intervenções na área da sinalética e equipamento urbano. Mas a presença de uma mostra convencional no “país estratégico” Brasil foi considerada por Moura Guedes como uma forma de “comunicar internacionalmente” as competências do país no design e de “iniciar uma forte colaboração” com o gigante sul-americano.
O ADP, uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura e do Ministério da Economia, vai ao Brasil graças a uma parceria com a feira Made – Mercado. Arte. Design, em cujo espaço no Jockey Club se apresenta, e “pela integração da exposição portuguesa na São Paulo Design Weekend”, explica Guta Moura Guedes, além da “rentabilização de recursos” do Aicep e do Consulado de Portugal em São Paulo.