Noventa escritores norte-americanos em Lisboa no âmbito do Projecto Disquiet
Iniciativa do Centro Nacional de Cultura reúne autores portugueses e americanos até 11 de Julho.
Durante os quinze dias do programa, que se insere no Projecto Disquiet, os escritores norte-americanos "confirmados ou apenas amadores" irão ter "um contacto tão abrangente quanto possível com diferentes aspectos da cultura portuguesa", afirma o CNC, que destaca o contacto com autores lusófonos. Neste sentido, está prevista uma série de sessões abertas ao público, entre esta segunda-feira e o dia 11 de Julho.
Hoje mesmo, às 14h30, realiza-se, na Casa Fernando Pessoa, uma palestra por Richard Zenith, editor da secção portuguesa de www.poetryinternational.org entre 2003 e 2005, com o qual continua a colaborar. À mesma hora, na Casa dos Bicos, sede da Fundação José Saramago, José Luís Peixoto conversa com Erica Dawson.
Ainda nesta segunda-feira, às 18h30, no CNC (ao Chiado), é feita a palestra Camões e os Descobrimentos, por João R. Figueiredo, professor de Literatura na Universidade de Lisboa, autor de A Autocomplacência da Mimese e de vários ensaios sobre Luís de Camões, estando actualmente a preparar uma edição de comentário de Os Lusíadas.
Também às 18h30, mas na Fundação Luso-Americana de Desenvolvimento (FLAD), à Lapa, realiza-se um colóquio com a participação de Maria Teresa Horta, autora, entre outros, da antologia de poesia erótica As Palavras do Corpo, a poetisa Ana Luísa Amaral e a investigadora Vanda Anastácio.
A 2 de Julho, na Sociedade de Geografia de Lisboa, realizam-se workshops orientados por Derek Nikitas, Sally Ashton e Denis Johnson.
No dia seguinte, às 14h30, na Livraria Ferin, Patrícia Reis, que em Março do ano passado editou Contracorpo, conversa com Patrícia Portela, autora que participou no ano passado no International Writing Program, da Universidade de Iowa, nos EUA.
No mesmo dia e nesta livraria na Rua Nova do Almada, às 18h30, Jacinto Lucas Pires conversa com Josip Novakovich, escritor nascido na Croácia, autor de April Fool's Day, obra já traduzida em dez línguas.
Teolinda Gersão, que recebeu no ano passado o Prémio António Quadros pela sua obra A Cidade de Ulisses, apresentará no dia 4 de Julho, às 14h30, no CNC, a palestra Descobrindo Lisboa.
A capital portuguesa é também um dos temas abordados por Rui Vieira Nery, na palestra que apresenta, também no dia 4, mas às 18h30, no Museu do Fado (Alfama). Este musicólogo foi investigador na Universidade de Austin, no Texas, liderou, no plano científico, a candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade, e é autor de Para Uma História do Fado.
No dia 7 de Julho, pelas 14h30, na Livraria Ferin, Scott Laughlin presta tributo ao poeta Alberto Lacerda, nascido na ilha de Moçambique, em 1928, e falecido em Londres, em 2007. O poeta e o seu trabalho serão evocados através das suas cartas.
Segundo o CNC, Lacerda tinha uma rede "absolutamente prolixa" de contactos internacionais, entre os quais os escritores Edith Sitwell, Arthur Waley, T.S. Eliot, René Char, Anne Sexton, Robert Duncan, Rosanna Warren e John Ashbery.
No dia 8, às 14h30, na Livraria Bertrand do Chiado (Rua Garrett), realiza-se uma conversa entre os autores Meakin Armstrong, Christopher Cerf e Catherine Tice e, às 18h30, na Férin, outra, com Alissa Nutting e Padgett Powell.
A 9 de Julho, Cyriaco Lopes, Terri Witek e Moez Surani realizam durante a tarde workshops no CNC e, às 18h30, Gonçalo M. Tavares faz leituras da sua obra e fala sobre a sua escrita na FLAD. Em 2010, o seu romance Aprender a Rezar na Era de Técnica foi distinguido em França com o Prémio Médicis 2010, para o melhor romance estrangeiro.
A última sessão pública do programa realiza-se no dia 10, às 18h30, na Casa dos Bicos, e junta João Tordo, que em Abril passado editou o romance Biografia Involuntária dos Amantes, e Katherine Vaz, autora, entre outros, de Fado & Outras Histórias.
O Programa Literário Internacional em Lisboa insere-se no Projecto Disquiet, que foi lançado pela organização literária sem fins lucrativos Dzanc Books, com sede no estado norte-americano do Michigan, "e parte do princípio que a imersão numa cultura estrangeira, num ambiente diferente do habitual, e a consequente quebra de rotinas, tendem a estimular a criatividade, abrindo novas perspectivas e novos ângulos de interpretação do mundo que nos rodeia, resultando num indubitável enriquecimento para todos aqueles que nele participam", explica o CNC, em comunicado citado pela Lusa.