Sindicatos de terra da TAP desconvocam greve

Processo de privatização do "handling" irá prolongar-se pelo segundo semestre, com consultas aos representantes dos trabalhadores

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Passageiros têm "check in" assegurado sexta-feira e sábado DR

Uma das principais razões para a desconvocação destes dois dias de greve foi uma garantia, da parte da administração da TAP, de que o processo de privatização de "handling" se irá arrastar pelo segundo semestre deste ano, envolvendo consultas aos sindicatos. O que estava previsto é que a alienação de mais de metade da futura empresa de "handling" a um operador estrangeiro, por negociação em concurso público, iria entrar numa fase irreversível já no próximo mês.

Ao que o PÚBLICO apurou, os sindicatos receberam ontem uma carta da administração, assinada pelo administrador-delegado Fernando Pinto, onde este garante "o adequado envolvimento das estruturas representativas dos trabalhadores na constituição da nova empresa e ulteriores fases do processo, a decorrer no segundo semestre de 2003".

A administração reafirma também que se mantêm todos os direitos e regalias dos 2600 trabalhadores que irão transitar para a nova unidade de "handling" e dispõe-se a "iniciar um processo de discussão com vista à negociação das formas concretas de salvaguarda dos direitos laborais".

A mudança do ministro responsável pela tutela da companhia aérea, que passou a ser assumida por Carmona Rodrigues, foi um dos motivos avançados por Miguel Valente, da Comissão de Trabalhadores, para a decisão de desconvocar a greve. "Pensamos que temos nos Transportes um interlocutor sério com quem podemos contar", afirmou ontem ao PÚBLICO aquele responsável. Segundo Miguel Valente, Carmona Rodrigues já se comprometeu a receber brevemente os representantes dos trabalhadores.

De acordo com o porta-voz do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Habitação, o gabinete do ministro reagiu a um pedido de audiência dos sindicatos - nomeadamente do Sindicato dos Técnicos de Handling dos Aeroportos - informando por escrito que Carmona Rodrigues "responderá às solicitações formuladas quando tiver disponibilidade de agenda".

A privatização do "handling" foi avançada como uma necessidade imperativa pelo ex-ministro das Obras Públicas, Valente de Oliveira, por duas razões. Primeiro, porque a TAP está impedida de receber mais injecções de dinheiro da parte do Estado devido à legislação comunitária, pelo que as receitas da privatização iriam ajudar a sanear a sua situação financeira. Bruxelas obriga ainda a que um dos dois operadores portugueses do sector aliene uma maioria do seu capital, para cumprir as regras de livre concorrência.

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