João Maria Trindade vence o mais importante prémio ibérico de Arquitectura
O júri do certame deste ano destaca na obra arquitectónica de João Maria Trindade, o facto de “gerar lugares e emoções no meio de uma paisagem sem fim”.
“Aprecia a forma como eleva a sua potente massa, deixando passar sob a sua sombra o território e a vida da fauna”, explica a acta do júri.
Para Arcadi Pla y Masmiquel, presidente do júri, tratou-se de reconhecer “a dupla visão” do centro do Garducho, que cria uma “peça singular, que lê a paisagem, criando um momento que avalia e se integra na própria paisagem”.
“É uma peça que quase levita sobre a paisagem e que nasce para acolher um centro de investigação sobre a própria paisagem”, explicou à Lusa.
“Mesmo sem ser esse o objectivo, demo-nos conta nas últimas reuniões que estávamos a avaliar uma nova forma de arquitectura sustentável, que vê a natureza de outra forma, não como um lugar apenas para colonizar, mas para valorizar”, disse.
Mais de 522 obras, incluindo 25 de Portugal, apresentaram-se à edição deste ano, a 51ª dos Prémios FAD, concedidos pela Arquinfad, uma instituição com sede em Barcelona que promove a arquitectura e o desenho no espaço ibérico.
Foram seleccionadas 27 finalistas - 14 em arquitectura, seis em Interiores, três em Cidada e Paisagem e quatro em Intervenções Efémeras.
Entre os finalistas contam-se ainda as obras de Nuno Graça Moura (por uma habitação unifamiliar em Marco de Canaveses); o Centro Comunitário São Cirilo no Porto, de Nuno Valentim, e a Escola Superior de Tecnologia no Barreiro, de José Mateus e Nuno Mateus.
Pla Y Masmiquel reconhece que a crescente participação portuguesa e o reconhecimento demonstram “a força tremenda” dos arquitectos portugueses.
Os sucessos da arquitectura portuguesa nos prémios FAD têm vindo a consolidar-se na última década, em todas as categorias do certame, inclusive na de Arquitectura.
Entre estes reconhecimentos, e no caso do Prémio de Arquitectura, destaca-se o galardão de 1999 para João Luis Carrilho da Graça, pelo Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa; o de 2005 para Eduardo Souto de Moura, pelo Estádio Municipal de Braga, e a menção do júri para o Museu do Farol de Santa Maria (Cascais), dos irmãos Francisco e Manuel Aires Mateus, em 2008.
Em 2001, a dupla Aires Mateus obteve o Prémio Interiorismo pela Livraria Almedina no Saldanha (Lisboa), que foi entregue em 2004 a João Mendes Ribeiro pelo Pátio da Inquisição e Centro de Artes Visuais, em Coimbra.
O prémio Cidade e Paisagem foi, em 2006, para o Metro do Porto, da autoria de Eduardo Souto de Moura, e, no ano seguinte, para Paulo David, pelo Conjunto de Restaurante e Piscinas das Salinas em Câmara de Lobos, na Madeira.