Festival de animação e efeitos especiais Trojan Horse despede-se de Portugal
O festival que coloca Tróia no centro da indústria mundial do cinema e dos jogos vai ter este ano a sua última edição no país. O promotor procura no estrangeiro alternativas à falta de apoios que existe por cá. Espanha deverá ser novo destino para os seguidores do evento.
O festival de animação e efeitos especiais, que reúne anualmente os maiores criativos de todo o mundo das indústrias do cinema e dos vídeo-jogos, realiza-se em Tróia desde 2013, mas os fracos apoios obtidos até agora levam a organização a procurar outra localização, no estrangeiro.
“Temos propostas para levar o evento para outros países, como Espanha ou África do Sul, e vamos decidir em breve porque os apoios que conseguimos aqui não nos permitem continuar”, afirma André Lourenço, explicando que já este mês viu rejeitado o pedido de auxílio que endereçou ao Turismo de Portugal. “Não nos podem apoiar mas, ao mesmo tempo, dizem que estão a fazer um grande investimento para trazer congressos internacionais para Portugal”, refere.
O festival Trojan Horse é precisamente um dos mais internacionais fóruns que têm lugar em Portugal. Além dos oradores convidados serem sempre nomes conhecidos mundialmente, o público que nas duas edições anteriores tem enchido a sala do Centro de Congressos de Tróia dificilmente poderia ser mais internacional. O evento atrai visitantes de todas as partes do mundo.
Os apoios com que a organização conta actualmente resumem-se a um subsídio, com base no número de visitantes estrangeiros, atribuído pela Entidade de Turismo do Alentejo e Ribatejo e apoio em géneros – em dormidas e refeições – no valor de cerca de 10 mil euros, por parte dos grupos Sonae Turismo [que pertence ao grupo detentor do PÚBLICO] e Amorim Turismo, detentores das infra-estruturas turísticas de Tróia usadas para o festival.
Apoios pouco mais do que simbólicos quando comparados com as quase cinco centenas de milhares de euros de custos de cada uma das edições do evento. O orçamento para a edição deste ano é de 487 mil euros. A maior parte da receita para cobrir as despesas é da venda de bilheteira, e há também alguns patrocínios mas, lamenta o promotor, “todos os anos são necessários capitais próprios”.
O apelo internacional da iniciativa foi reafirmado este ano com o estatuto de "melhor evento digital a não perder em 2015" atribuído pelo CreativeBloq. O site dedicado à arte digital classifica o festival português como o melhor evento para ver este ano numa lista de dez.
O encontro de cinco dias inclui conferências, oficinas de arte e facilita contactos profissionais entre técnicos e directores artísticos ligados às maiores produtoras mundiais de filmes e jogos.
Desfile de lendas em 2015
Para este ano estão já confirmados 16 convidados, todos estrelas mundiais como Iain Mccaig, uma lenda desde os anos 1990, ligado aos melhores projectos de Hollywood, em especial tudo o que envolve Star Wars – uma presença especialmente oportuna, a escassos meses da estreia do novo filme desta saga; Kim Jung Gi, o sul-coreano conhecido como impressora humana por ter uma prodigiosa memória visual; Shane Mahan, outra lenda, várias vezes nomeado para os Óscares e dono da Legacy FX, uma das mais prestigiadas empresas do mundo no sector; ou Robh Ruppel, o génio por detrás do sucesso da empresa Naughty Dog e do vídeojogo Uncharted 3 e 4, um dos melhores artistas do mundo, vencedor de inúmeros prémios.
Entre as grandes atracções desta edição está Alberto Mielgo, o mago espanhol vencedor de um Emmy que fascina e inspira os amantes desta arte e que é uma presença rara como orador em eventos públicos.
Scott Ross, que tem sido embaixador do festival português, depois de se ter apaixonado pelo país e pelo evento, continua a ajudar a organização e volta a marcar presença em Tróia em Setembro próximo.