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As Mil e Uma Noites entre os melhores do ano para os Cahiers du Cinéma e a Sight & Sound

Filme de Miguel Gomes aparece em oitavo lugar na lista da publicação francesa e em quarto na da revista britânica, que também inclui, tal como há um ano, Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa.

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O filme em três volumes com que Miguel Gomes quis fixar, para memória futura, o Portugal desolador (mas ao mesmo tempo de encantar) dos anos da austeridade está entre os melhores do ano para duas das mais influentes publicações especializadas europeias. Na lista dos Cahiers du CinémaAs Mil e Uma Noites, que de resto fizeram a sua muito comentada estreia mundial no Festival de Cannes, aparecem em oitavo lugar; no ranking da Sight & Sound, a revista do British Film Institute, o tour-de-force do cineasta português sobe para a quarta posição, recolhendo os votos de 23 dos 168 críticos inquiridos. Também a Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro destacou Miguel Gomes pelo primeiro volume da sua trilogia, O Inquieto: é o terceiro melhor filme de 2015, aparecendo atrás de Mad Max: Estrada da Fúria, o blockbuster de George A. Miller que também se apresentou ao mundo em Cannes, e de Nightcrawler – Repórter na Noite, de Dan Gilroy. De resto, é agora oficial que o filme que ressuscitou a saga Mad Max faz parte do cânone: é o terceiro melhor do ano para a Sight & Sound, o quinto para os Cahiers.

Para Miguel Gomes, parece então que 2015 vai acabar tão bem como 2012, o ano em que Tabu, o seu requiem por uma África perdida, foi o segundo melhor filme do ano para os críticos da Sight & Sound e o oitavo (repete-se a performance, portanto) para a revista francesa – e em que figurou ainda nas listas da New Yorker, do Village Voice e do Le Monde.

Pedro Costa, cujo Cavalo Dinheiro tinha sido, para os críticos da Sight & Sound, o terceiro melhor filme do ano passado, continua no top 20 um ano depois: os votos de oito críticos puseram-no no 19.º lugar, ex-aequo com O Olhar do Silêncio, de Joshua Oppenheimer, que tinha ficado na 18.ª posição em 2014. O facto de Cavalo Dinheiro só ter chegado ao circuito comercial inglês e americano em 2015 justifica a sua presença em dois anos consecutivos na votação da Sight & Sound, em que participam críticos de todo o mundo. 

Além de Miguel Gomes e do novo Mad Max, há poucas sobreposições entre os rankings dos Cahiers e da Sight & Sound: para a publicação francesa, Minha Mãe, de Nanni Moretti, actualmente em exibição nas salas portuguesas, é o melhor filme do ano, seguido de Cemetery of Splendour, de Apichatpong Weerasethakul (que aparece em quinto lugar na votação da Sight & Sound), L'Ombre des Femmes, de Philippe Garrel, e The Smell of Us, de Larry Clark, todos ainda por estrear por cá. Jouja, do argentino Lisandro Alonso, Vício Intrínseco, do americano Paul Thomas Anderson, The Summer of Sangaile, da lituana Alanté Kavaïté, e Journey to the Shore, do japonês Kiyoshi Kurosawa, completam a lista.

Os críticos da Sight & Sound preferiram pôr Assassina, do taiwanês Hou Hsiao-hsien (Palma de Ouro de melhor realizador em Cannes), no primeiro lugar (em Portugal, o filme foi mostrado na Festa do Cinema Chinês). Carol, de Todd Haynes, No Home Movie, da entretanto desaparecida Chantal Akerman, 45 Anos, de Andrew Haigh, Son of Saul, de László Nemes, Amy, de Asif Kapadia, e Vício Intrínseco, de Paul Thomas Anderson, também estão nos dez mais. 

 

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