André Tavares e Diogo Seixas Lopes serão os curadores gerais da Trienal de Arquitectura de Lisboa em 2016

À quarta edição, é a primeira vez que a iniciativa tem um comissariado partilhado.

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André Tavares e Diogo Seixas Lopes Valter Vinagre Kamerafoto

A escolha foi esta terça-feira anunciada pela direcção da trienal, que continuará a ter como presidente José Mateus, director executivo das primeiras edições do evento, em 2007 e 2010.

“Temos a convicção de que estes curadores são os que queríamos ter para a trienal, pela sua ampla experiência académica, editorial e profissional, mas também pela sua reconhecida competência e postura crítica”, disse ao PÚBLICO José Mateus, que justificou também a opção pela contratação directa de Tavares e Seixas Lopes pela necessidade de “ganhar o máximo de tempo” na preparação da TAL 2016.

Depois de as três primeiras edições terem sido comissariadas, respectivamente, pelo próprio José Mateus, por Delfim Sardo e pela britânica Beatrice Galilee, a 4.ª TAL vai ter à sua frente, pela primeira vez, uma equipa dupla, com a particularidade de as figuras escolhidas serem provenientes das escolas do Porto e de Lisboa. “São as duas cidades-chave da arquitectura em Portugal, que possuem mais massa crítica, e por isso permitem um debate mais credível”, justifica o presidente executivo, que realça também o trabalho conjunto que André Tavares e Diogo Seixas Lopes têm vindo a desenvolver nos últimos anos.

“Temos, de facto, uma relação pessoal que vem de há muito tempo e une-nos uma mesma curiosidade pessoal e intelectual”, diz Seixas Lopes, que actualmente partilha com Tavares a direcção do Jornal Arquitectos – que ambos lançaram em Janeiro de 2013 e cujo n.º4 está anunciado para Fevereiro.

Na parceria editorial de ambos ressalta a publicação Eduardo Souto de Moura: Atlas de Parede, Imagens de Método (2011), uma edição Dafne, chancela de que Tavares se ocupa desde que aí publicou o seu livro Os Fantasmas de Serralves (2007).

A realização, em 2010, na Barragem de Picote, em Miranda do Douro, de um "encontro nacional da arquitectura", que fez um levantamento do estado da arte e da profissão sob a perspectiva das novas gerações, foi a primeira iniciativa conjunta dos dois arquitectos, a que se seguiu, no ano seguinte, em Montréal, no Centro Canadiano da Arquitectura, a apresentação de um panorama da arquitectura portuguesa. “Foi um trabalho que correspondeu a um debate que vínhamos fazendo, há vários anos, sobre o que é a arquitectura em Portugal, e sobre como ela poderá progredir”, recorda Tavares.

No final de 2012, promoveram um novo encontro nacional, desta vez mais institucional do que o de Picote, a que chamaram "Concentração Portuguesa de Arquitectos em Mação" (CPAM), nesta vila situada no centro geodésico de Portugal.

Esta preocupação de envolver na TAL todo o país através de representantes de Lisboa e do Porto esteve na origem da escolha da nova direcção do evento. E tanto Tavares como Seixas Lopes realçam que a edição de 2016 – mesmo se “é ainda prematuro falar do programa” – tem de dar sequência “ao abrir de portas, tanto a nível nacional como internacional”, que as primeiras edições propiciaram. Seixas Lopes faz notar: “É preciso acabar com os equívocos de estarmos de costas voltadas uns para os outros, [para melhor responder à situação de crise que afecta a profissão].”
“Ser útil para os arquitectos, mas também, e sobretudo, para a sociedade, porque a arquitectura é um direito e um serviço, que tem um papel determinante na qualidade de vida”, é a declaração de princípio que André Tavares diz poder ser feita no momento em que ambos assumem o novo desafio. Com “um misto de satisfação e sentido de responsabilidade”, mas abordando essa responsabilidade “com o máximo de leveza”, diz Seixas Lopes.
 
 
 

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