Ambos eram rock n'roll. Mas os Ramones, sendo americanos, eram punks por preferência, sem ódio, enquanto os Pistols eram gloriosamente antagonísticos. Num artigo publicado em O Jornal em 27 de Novembro de 1981, fiz questão de lembrar que o primeiro álbum dos Ramones era anterior aos Sex Pistols. E eu estava lá, em 1976, em Londres, onde a minha mãe e a minha irmã viviam a dez passos da King's Road, em Chelsea, onde tudo começou.
Escrevi, com razão, que "o primeiro LP deles, surgido em 1976, quando o punk britânico não era mais do que um brilho ténue nos olhinhos verdes de Malcolm McLaren, foi uma revelação de inocência, de energia – do que os americanos chamam o 'trash aesthetic' (a estética do desperdício, do lixo)".
Concluía, vergonhosamente esperto, que "neste ano de 1981 nada têm a acrescentar". Mantenho essa opinião sobre o álbum Plesant Dreams, que saiu nesse ano.
Em 1981 já estavam acabados. Mas, enquanto começaram, eram uma excitação nunca antes ou depois ultrapassada: "One, two, three, four... hey ho, let's go..."
Agora estão todos mortos. Como é possível? Como é que as vidas se tornaram tão curtas como as canções?
Eram tão vivos os Ramones. A música deles continua a ser a vida feita música. Eles morreram. E nós? Continuamos vivos – e fãs.