Abril é mês de Orpheu na Casa Fernando Pessoa
O centenário da revista lançada em 1915 por Pessoa, Sá-Carneiro & Cia. é o tema dominante da programação deste mês da Casa Fernando Pessoa, com debates, leituras, exposições, performances e lançamento de livros.
A sessão, que integra o ciclo Sem casas não haveria ruas, uma parceria com a editora BOCA e a Fundação José Saramago, está marcada para as 17h e é mais uma das várias iniciativas que a Casa Fernando Pessoa está a promover este mês para celebrar o centenário da revista que lançou o modernismo em Portugal. Segundo a nota divulgada pela CFP, JP Simões diz Álvaro de Campos “com uma canção a aparecer nos versos”, Miguel-Manso “mergulha no vertiginismo” de Raul Leal – que publicou no segundo número de Orpheu a “novela vertígica” Atelier –, Nuno Moura lê Ângelo de Lima, seu “mestre de poesia”, e Guilherme Mendonça dá voz ao Fernando Pessoa ortónimo.
Na próxima quarta-feira, dia 15, a CFP – onde continua patente a exposição Testamentos de Orpheu, de Pedro Proença – recebe a sessão inaugural do ciclo O que é ser moderno hoje?, um conjunto de debates que, tomando “como pretexto os cem anos de revista Orpheu, que contribuiu decisivamente para a afirmação de um discurso poético moderno e vanguardista em Portugal”, pretende “perceber o que significa, hoje, ser moderno em poesia”. Organizado pelo jornalista Luís Ricardo Duarte, do Jornal de Letras, e pelos críticos e poetas José Mário Silva e António Carlos Cortez, este ciclo irá prolongar-se pelos meses de Abril e Maio, com sessões na CFP e no café Martinho da Arcada.
Para tema da primeira conversa o tema escolhido foi justamente o das revistas: Orpheu não morreu, Orpheu continua: revistas de poesia hoje. A conversa, moderada por Luís Ricardo Duarte, terá como protagonistas o poeta e ensaísta Gastão Cruz, um dos responsáveis da revista Relâmpago – editada pela Fundação Luís Miguel Nava, publica-se regularmente há 18 anos e vem alternando números temáticos com outros dedicados aos mais importantes poetas portugueses do século XX –, o poeta e performer Tiago Gomes, um dos fundadores da revista Bíblia, uma publicação criada, também ela, em meados dos anos 90, e que sempre apostou na experimentação literária e gráfica, a ensaísta Margarida Gil dos Reis, directora da revista académica Textos e Pretextos, editada pela Húmus e pelo Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e ainda João Pedro Azul, responsável das edições Flan de Tal e da revista Flanzine.
No dia 18, a manhã fica reservada para o público infanto-juvenil, com o atelier de edições e tipografia O Homem do Saco a instalar uma oficina provisória na CFP, na qual as crianças (dos 7 aos 12 anos) serão desafiadas a compor e imprimir o seu próprio cartaz, na linha do grafismo modernista de Orpheu.
Os habituais lançamentos de livros de temática pessoana – o mais recente aconteceu no dia 9, com a apresentação de A Estrada do Esquecimento e Outros Contos, um volume de contos de Fernando Pessoa, quase todos inéditos, editados por Ana Maria Freitas – também vão incluir este mês (dia 23) uma das mais estimulantes edições que, até ao momento, vieram assinalar o centenário de Orpheu: 1915 – O Ano de Orpheu (Tinta da China). Organizado pelo pessoano alemão Steffen Dix, o livro reúne ensaios de mais de vinte autores, que contextualizam o surgimento de Orpheu no âmbito nacional e europeu, dedicando ainda estudos monográficos a quase todos os colaboradores da revista.
Fora de portas, a CFP prossegue com o ciclo de performances e leituras Café Orpheu, que aos sábados surpreende os clientes de alguns cafés de Lisboa, do clássico A Brasileira, a espaços mais recentes, como Fábulas, Kaffeehaus ou Vertigo.