Os subterrâneos da Tate Modern vão ser um palco para as artes performativas
A inauguração é em Julho e durante 15 semanas coreógrafos e artistas vão desenvolver trabalhos com o público do museu
É o primeiro passo das grandes obras de ampliação que vão permitir à Tate Modern crescer 60% em tamanho e ir ainda mais longe na relação com os seus públicos e no que tem para lhes oferecer. Pela primeira vez, o museu londrino - um dos mais mediáticos e visitados do mundo - vai abrir ao público o piso subterrâneo, o que foi em tempos a sala dos tanques a óleo que alimentavam a central eléctrica hoje ocupada pelas galerias expositivas. Será, na inauguração, mais um espaço para exposições, mas, depois, ficará dedicado às artes performativas e à instalação.
O anúncio foi feito anteontem por Nicholas Serota, director da Tate Gallery, que integra a Tate Modern, a Tate Britain, a Tate Liverpool e a Tate St. Ives. "Os Tanques [nome pelo qual o novo espaço ficará conhecido] vai dar-nos a oportunidade de responder às mudanças das práticas dos artistas, muitos dos quais trabalham agora mais com instalação e formas de arte performativa do que há dez ou 15 anos", escreveu Serota em comunicado, acrescentando que, com esta inauguração, a Tate se torna o primeiro museu do mundo a ter um espaço permanente dedicado em exclusivo às artes performativas.
A inauguração da sala está marcada para o dia 18 de Julho, dia em que começará um festival de 15 semanas, que termina a 28 Outubro, como parte da programação paralela aos Jogos Olímpicos.
Para Ruth Mackenzie, directora cultural do London 2012 Festival, que apresenta espectáculos por toda a cidade a propósito da realização dos Jogos Olímpicos - e que terá projectos no novo espaço da Tate -, esta abertura "é mais uma razão para visitar a galeria de arte moderna mais famosa do mundo" durante as Olimpíadas.
Arte em acção
A programação das 15 semanas ainda não está completa mas sabe-se já que, na inauguração, a instituição vai expor pela primeira vez obras adquiridas nos últimos meses. A coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker e Tania Bruguera, Eddie Peake, Aldo Tambellini e Jeff Keen são alguns dos nomes já confirmados e que, além de apresentarem alguns dos seus trabalhos já conhecidos, vão desenvolver novos projectos com o público, estando ainda prevista a realização de seminários e workshops.
"Com este novo espaço podemos oferecer um novo andamento na nossa programação para que a performance, o som, as imagens em movimento e a participação - a arte em acção - tenham tanto peso como outra coisa qualquer", escreveu no mesmo comunicado Chris Dercon, director da Tate Modern, explicando que "Os Tanques são um novo tipo de espaço público para a arte."
"Tornou-se evidente que o nosso público procura novas formas de participação e de relação. As pessoas querem diálogo e discussão e a sala dos tanques vai fazer com que isto aconteça", afirmou Serota, que em conferência de imprensa explicou que esta é apenas a primeira fase do grande projecto de expansão da Tate Modern, que, nos próximos quatro anos, vai ganhar mais 21 mil metros quadrados.
As obras de ampliação, que deverão terminar em Dezembro de 2016, vão custar 215 milhões de libras (cerca de 264 milhões de euros). 75% dos custos foram angariados pela própria instituição, o governo britânico deu 50 milhões de libras (61,4 milhões de euros).
Construída em 2000 para receber até dois milhões de visitantes por ano, hoje a Tate Modern recebe mais de cinco milhões.