O arquitecto, professor e crítico espanhol Luis Fernández-Galiano falou esta semana no Porto sobre a presente situação da arquitectura e dos arquitectos. Acusou-os de excesso de protagonismo, mas também lhes chamou "animais visuais", que com o seu olhar resgatam a paisagem do mundo que nos rodeia.

Nascido em Calatayud, Espanha, Luís Fernández-Galiano é um arquitecto "sui-géneris" que apesar de também ser professor na escola de Madrid se notabilizou sobretudo como crítico e jornalista de arquitectura. Editor das revistas "Arquitectura Viva" e "Monografias AV", é também o coordenador da página de arquitectura que semanalmente anima o jornal "El País". Fernández-Galiano foi o convidado especial das comemorações da edição 2000 do dia mundial da arquitectura, no Porto.LUIS FERNÁNDEZ-GALIANO - É uma homenagem à qualidade do meio ambiente construído: a arquitectura como serviço público. É muito positivo que se celebre esta data, se não a convertermos no dia mundial dos arquitectos. Em Madrid celebra-se este dia abrindo às pessoas os edifícios públicos com acesso normalmente restrito, com visitas guiadas por sócios da Ordem dos Arquitectos, que explicam porquê este ou aquele edifício é valioso ou arquitectonicamente importante. A arquitectura sempre figurou episodicamente nos jornais associada normalmente a escândalos, a concursos públicos nebulosos ou a grandes transformações na cidade. Mas isso está a mudar. Hoje os directores dos jornais têm consciência da necessidade de informar sobre a arquitectura como domínio cultural de pleno direito.