Lisboa Open House: a grande festa da arquitectura com 54 espaços para visitar
Experimentar e compreender arquitectura gratuitamente. É amanhã e domingo. Open House, e a cidade abre-se às pessoas
Para o público em geral será uma oportunidade para entrar em edifícios de fachada encantadora, mas que se encontravam encerrados ou para descodificar misteriosas obras arquitectónicas. E para os arquitectos é um ensejo de mostrar arquitectura de excelência ao público em geral, suscitando e estimulando o interesse pela paisagem urbana.
É amanhã e domingo. Chama-se Lisboa Open House, é a primeira vez que acontece em Lisboa, é organizado pela Trienal de Arquitectura, e, para além de constituir um convite para a circulação lúdica pela cidade, será também uma oportunidade para o público apreciar o legado arquitectónico, com 54 espaços para serem visitados.
"Abrir a cidade às pessoas", foi assim que a inglesa Victoria Thornton, que fundou em Londres a Open House há 20 anos, resumiu a iniciativa, ontem, em conferência de imprensa. Em tempo de crise, não se esqueceu de uma palavra: partilha.
"Até podíamos ter milhões, mas se os proprietários dos edifícios não partilhassem a sua visão connosco este evento não seria possível." O acontecimento, que em Londres convoca 700 lugares e hoje em dia se expande por 22 cidades de todo o mundo (de Melbourne a Dublin), não tem fins lucrativos.
O presidente da Trienal de Arquitectura, José Mateus, evidenciou que a iniciativa é orientada essencialmente para um público não especializado, que assim terá "hipótese de conhecer as histórias por detrás de cada edifício e de cada casa". O consultor e impulsionador da realização do evento em Portugal, o jornalista britânico Herbert Wright, aludiu mesmo ao facto de acontecimentos como este contribuírem para diminuir a incompreensão que ainda existe acerca da arquitectura. "Há ainda uma separação entre os arquitectos e a comunidade", disse.
Isso acontece numa cidade, "onde todos os níveis de arquitectura estão muito bem representados", segundo Wright, que salientou a diversidade de espaços que poderão ser visitados, pertencentes a estilos como a Art Deco, o modernismo ou o pós-modernismo, numa mistura de edifícios clássicos, contemporâneos ou de intervenções requalificadoras, entre casas particulares (como um pequeno apartamento em Telheiras), infra-estruturas técnicas (ETAR de Alcântara ou Centro de Comando Operacional da Refer), bairros (Mouraria ou Alvalade) ou monumentos nacionais (Mosteiro dos Jerónimos ou Teatro D. Maria II).
Alguns dos espaços seleccionados são surpreendentes e outros (Fundação Gulbenkian ou cinema S. Jorge) parecem escolhas demasiado óbvias, de tal forma fazem parte do quotidiano da cidade, mas, como referiu José Mateus, o desafio é também "visitar espaços que pensamos conhecer muito bem e sermos surpreendidos". As visitas serão gratuitas, com algumas delas a serem conduzidas pelos autores dos projectos e outras por voluntários, na sua maioria estudantes de Arquitectura. Hoje e amanhã, em Lisboa, a arquitectura está em festa.