Zaha Hadid acusada de destruir antiga zona de Pequim com centro comercial futurista

Organização Não Governamental acusa a arquitecta de ter ignorado a paisagem da zona.

O controverso centro comercial de Zaha Hadid

O júri do prémio, entregue pela Royal Institute of British Architects (RIBA) e que distingue os melhores edifícios internacionais, elogiou a obra de Zaha Hadid, destacando a “bem-vinda democratização” do trabalho da arquitecta. “O desenvolvimento [do edifício] é altamente urbano e suburbano, é tanto cívico como comercial”, diz o júri no comunicado em que anuncia os finalistas, acrescentando ainda que “a criação de espaços públicos num piso inferior com uma bem detalhada zona de estar e fontes demonstra uma rara generosidade num país determinado a superar o ocidente em termos de comercialização”.

No entanto, os defensores do património tradicional chinês desta Organização Não Governamental (ONG) não concordam com estas considerações, achando que esta obra, composta por quatro torres, ligadas entre si através de pontes, é demasiado futurista para a zona onde está instalada.

Numa carta publicada na quinta-feira no site Building Design, e envidada para a RIBA, o grupo escreve que o Galaxy Soho “causou grandes danos na preservação da paisagem da antiga Pequim”. Dizem que o plano urbano original da cidade não foi respeitado, assim como “o estilo e o esquema de cores da arquitectura vernacular de Pequim”. Por tudo isto, o grupo contesta a escolha do edifício para os finalistas do prémio britânico, alegando estar “em choque com a notícia”.

Para estes defensores da antiga paisagem de Pequim, esta nomeação só vai encorajar a que mais “destruições” destas aconteçam. “Muitos de nós em Pequim estamos muito desiludidos e ofendidos. Acreditamos fortemente que este prémio da vossa instituição [a RIBA] vai fazer com que se cometam os mesmos erros, aumentando a dificuldade em proteger o património cultural da China”, continua a carta.

Zaha Hadid, que se tornou em 2004 na primeira mulher a vencer o Pritzker, afastou-se da polémica garantindo que trabalhou em parceria com o Local Design Institute “para assegurar que o projecto cumpria todas as normas e requisitos do Governo”. “Quando fomos escolhidos para este projecto, não existiam edifícios nenhuns neste sítio”, esclareceu a porta-voz da arquitecta ao jornal The Guardian, afirmando que nada foi destruído para que este centro de comercial, que abriu portas no ano passado, fosse construído.

“Criámos uma variedade de espaços públicos que envolvem directamente com a cidade, reinterpretando o tecido urbano tradicional e os padrões de vida contemporâneos numa paisagem urbana contínua”, acrescentou a porta-voz, citada pelo mesmo jornal.

A organização do prémio, que anuncia o vencedor a 26 de Setembro, ainda não se pronunciou sobre a polémica.

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