Sidh Mendiratta é o vencedor do Prémio Távora 2013

Arquitecto luso-indiano vai estudar as antigas casas-torre de origem portuguesa nos estados da Índia, no Sri Lanka e em Timor-Leste.

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Ruínas da casa-senhorial da aldeia Sirgão, distrito de Damão, antiga Província do Norte do Estado da Índia, séc. XVI-XVII Walter Rossa
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Ruínas da casa-torre da aldeia de Solsumba, distrito de Damão, antiga Província do Norte do Estado da Índia, séc. XVI-XVII Sidh Mendiratta
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Sidh Daniel Losa Mendiratta

O anúncio do prémio foi feito esta segunda-feira à noite nos Paços do Concelho de Matosinhos, numa sessão que incluiu uma conferência do professor e cientista Alexandre Quintanilha, convidado para presidir ao júri.

Na apresentação do seu projecto, Sidh Mendiratta enunciou o objectivo de “comprovar a disseminação e averiguar o papel matricial [que as referidas casas-torre tiveram] na estruturação e ordenamento dos respectivos territórios e ainda estudar a sua evolução comparando-a com a sua congénere europeia, à luz das diferentes mentalidades e culturas do habitar desenvolvidas pelas sociedades de origem portuguesa nesses mesmos territórios”. Um programa que convenceu o júri, que unanimemente pôs em evidência “a consistência, clareza e ambição, que permitirá o reconhecimento da cultura portuguesa, numa faceta menos explorada, num quadro geocultural alargado”.

Com o valor actual de seis mil euros, o Prémio Távora – lançado em 2005 pela Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos (OA/SRN) – é uma bolsa de viagem, que permite ao vencedor concretizar um projecto de investigação. O resultado será depois apresentado numa conferência a realizar, também na Câmara de Matosinhos (autarquia parceira da OA/SRN e da Casa da Arquitectura na organização do prémio, que este ano teve também o patrocínio da seguradora Axa), no Dia Mundial da Arquitectura, em Outubro.

De ascendência indiana e luso-alemã, Sidh Daniel Losa Mendiratta nasceu no Porto, em 1977. Frequentou a Oporto British School e ingressou no Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra em 1995, mas passou depois para a Faculdade de Arquitectura do Porto, onde terminou o curso (2005) com uma prova sobre O Convento dos Agostinhos de Velha Goa: memórias de um levantamento. Pelo meio (2001-02), frequentou o Goa College of Architecture, na Índia, como estudante free-mover.

O seu interesse pela terra natal do seu pai manifestou-se logo no curso de Arquitectura, tendo a sua prova final sido dedicada ao tema O Convento dos Agostinhos de Velha Goa: memórias de um levantamento (2004-05) – que mereceu 19 valores; 16 para a média final de curso.

Sidh Mendiratta realizou o estágio profissional no Atelier 15, no Porto, dos arquitectos Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez. Volta à Índia em 2006, para colaborar no projecto de investigação ligado ao Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra, Bombaim antes dos ingleses, coordenado pelos professores Walter Rossa e Paulo Varela Gomes (uma reportagem sobre este trabalho, de autoria de Alexandra Lucas Coelho, que pode ser lido aqui).

A Índia foi ainda o tema da sua dissertação de doutoramento, Dispositivos do sistema defensivo da Província do Norte do Estado da Índia, 1521-1739, precisamente realizada sob a orientação daqueles dois professores e companheiros de viagem — tema que terá estado na origem do projecto agora candidatado ao Prémio Távora.

Construção identitária: paisagens urbanas e arquitectura de origem católica em Bombaim (séculos XVI-XX) é o tema que actualmente ocupa Sidh Mendiratta , como projecto de pós-doutoramento.

A edição deste ano do Prémio Távora mobilizou 30 candidaturas, cuja qualidade genérica foi “enaltecida” pelo júri , que este ano, para além de Alexandre Quintanilha e Jorge Figueira, como convidados, incluiu os arquitectos Nelson Mota (primeiro vencedor do prémio, em 2005; e em representação da Casa da Arquitectura), Ana Cristina Machado (pela OA/SRN) e Clemente Menéres Semide (pela família de Fernando Távora).

Nas edições anteriores, foram premiados os projectos dos seguintes arquitectos, por ordem cronológia: Nelson Mota, Sílvia Benedito, Maria Moita, Cristina Salvador, Armando Rabaça, Marta Pedro e Paulo Moreira.
 
 

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