"Cuba não ganhou nenhuma heróica batalha fuzilando esses três homens, mas perdeu a minha confiança, destruiu as minhas esperanças e defraudou as minhas expectativas", escreve Saramago num artigo de opinião hoje publicado no "El País", com o título "Até aqui cheguei".
O Nobel da Literatura português, que sempre tinha apoiado o regime de Fidel Castro, afirma agora ter chegado "até aqui" e que "de agora para a frente Cuba seguirá seu caminho" e ele fica.
"Discordar é um acto irrenunciável de consciência", devendo a decisão das autoridades cubanas ser demonstrada "com provas irrefutáveis".
Para Saramago, "sequestrar um barco ou um avião é crime severamente punível em qualquer país do mundo, mas não se condenam à morte os sequestradores, sobretudo tendo em conta que não houve vítimas" no dito sequestro.
"Não creio que se tenha actuado sem deixar lugar a dúvidas no recente julgamento que condenou a penas desproporcionadas os cubanos dissidentes", escreve José Saramago, segundo o qual "não se entende que, se houve conspiração, não tenha já sido expulso o encarregado da secção de interesses dos Estados Unidos em Havana, a outra parte da conspiração".