“Foi com profunda satisfação que tomei conhecimento da decisão. Este reconhecimento constitui um motivo de orgulho para todos os Portugueses: a partir deste momento, o fado é reconhecido como um património de toda a humanidade, um valor inestimável no presente e uma herança cultural importante para as gerações futuras. Quero felicitar todos os que, mais directamente, estiveram envolvidos na preparação, desenvolvimento e divulgação desta candidatura. O seu sucesso é também o sucesso de todos os que, ao longo de mais de um século, viveram, trabalharam, escreveram e cantaram o fado. Estão de parabéns os fadistas, os poetas, os músicos, os compositores, os estudiosos e todos os que contribuíram para fazer do fado uma melodia universal.”
“Vai contribuir para que as atenções do mundo se voltem para um dos emblemas da nossa cultura e do nosso talento. Esta decisão dá-nos, aos portugueses, um motivo de alegria. Alegria essa que, nos dias que correm, tem encontrado razões mais escassas para manifestar-se. Devemos orgulhar-nos, todos, sem excepção, por o fado ser agora património cultural imaterial da humanidade inteira. É um reconhecimento justo, que os portugueses não deixarão de festejar e de valorizar. Hoje, as fadistas e os fadistas, sejam cantoras e cantores ou guitarristas, compositores ou letristas, estão de parabéns. De cada um depende a continuidade de uma expressão musical que, pela sua qualidade, intensidade e tradição, alcançou agora este patamar, a acrescentar ao reconhecimento internacional que já conquistara.”
António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa
“Este é um grande tributo que é prestado aos fadistas, músicos, compositores, a todos aqueles que fazem o fado e que são a sua maior garantia de salvaguarda. Ver o fado reconhecido pela UNESCO é uma homenagem cujo mérito é inteiramente dos intérpretes e uma garantia de maior projecção da nossa cultura e da nossa cidade. Uma homenagem que nos traz grandes responsabilidades no que toca ao plano de salvaguarda.”
Sara Pereira, directora do Museu do Fado e membro da comissão científica da candidatura do fado a património imaterial da humanidade
“Nunca duvidámos de que o fado seria património mundial, mas tememos que a decisão fosse adiada para amanhã. Foi muito gratificante ver que nem sequer houve discussão, só elogios. Depois da mesa, também o Paraguai e a Espanha pediram para falar do carácter exemplar da candidatura. A Espanha chegou mesmo a sublinhar a importância da trilogia flamenco, tango e fado na lista do património imaterial. E isso deixou-nos muito contentes.”
Rui Vieira Nery, musicólogo e presidente da comissão científica da candidatura do fado a património imaterial da humanidade
“Não contávamos com outro desfecho. Foi uma grande alegria que pôs fim a uma grande ansiedade. […] É ainda mais gratificante porque este ano os critérios foram muito apertados, com a Índia a retirar as suas candidaturas e a China a levar para casa, para reformular, a do kung fu de Shaolin. Ter o fado aprovado em cinco minutos, e por unanimidade, foi muito importante. […] Esta entrada para a lista da UNESCO é mais um passo, uma oportunidade para continuar a trabalhar.”
Carlos do Carmo, fadista e embaixador da candidatura
“Esta notícia trouxe-me uma felicidade imensa. São muitos anos de fado [49 em Janeiro], fiquei comovido. […] Além de premiar o trabalho e a dedicação extrema que muitas pessoas puseram nesta candidatura, a UNESCO aumentou o nosso grau de responsabilidade na preservação do fado – temos de tomar ainda melhor conta dele. E este não é só um recado para os fadistas e para os investigadores do fado, é um recado para o país. Um país que nem sempre esteve apaixonado pelo fado, mas que hoje se orgulha dele, tenho a certeza.”
Mariza, fadista e embaixadora da candidatura
“A distinção da UNESCO não é de alguns é de todos, a começar pelos intérpretes, mas passando pelos instrumentistas, poetas, e todos, todos. Vamos passar a ver o fado com outros olhos. Em vez de estarmos cada um a puxar para o seu lado vamos todos puxar para o mesmo, ficarmos juntos e só assim faz sentido. Mas antes de ser um Património Imaterial da Humanidade é um património nosso e isto não o podemos esquecer. É de todos nós. De todas as pessoas que o acarinharam.”
Camané, fadista
“A principal consequência será a maior divulgação que o Fado terá. Já é visível desde que toda a campanha de promoção arrancou. Assim, mais pessoas ficarão a conhecer o que é o Fado e a sua riqueza.”
Maria da Fé, fadista
“Uma coisa maravilhosa para o Fado e para o nosso país. Daqui para a frente é uma incógnita. O fado já está, felizmente, com muita força e muito divulgado, mas nunca é demais e é muito positivo esta distinção.”
António Rocha, fadista
“A prática fadista [a distinção] não vai alterar coisa nenhuma [até porque] as coisas estão a correr bem, mas esta distinção é boa porque se irá falar mais do fado e irá dar trabalho às pessoas que vão lá para fora.”
Ana Moura, fadista
“O fado sempre foi património da humanidade. Devo ao fado muito do que sou. O fado fez-me encontrar uma vocação, deu-me uma profissão, permitiu-me conhecer muitos países, apresentou-me a músicos incríveis, compositores de excelência e poetas talentosos. Por isso, quando me perguntam se me defino como cantora ou como fadista, digo sempre com muita convicção que sou fadista. Neste momento de festa, lembro-me de todos os que já não estão cá para saborear este feito, mas que fazem parte da história desta canção que tão bem nos define enquanto povo. Sem o seu talento, exemplo e qualidade, nunca teríamos chegado aqui.”
Associação Portuguesa dos Amigos do Fado
“Esta distinção responsabiliza-nos não só do ponto de vista patrimonial, um maior cuidado com os arquivos e maior preservação de uma memória que foi durante décadas essencialmente popular, como de dignificação por quem o canta, compõe e o faz todos os dias, incluindo as casas de fado que continuam a ser um cartaz para quem nos visita. As futuras gerações irão, certamente, continuar a defender e a acarinhar este legado. Não só quem o fado canta, mas todos aqueles que o sentem. O fado faz parte da nossa Cultura, está nas nossas raízes populares, e de uma forma espantosa tem sido capaz de transmitir emoções e sentimentos, mesmo a quem não entende a nossa língua.”
Paul van Nevel, maestro
“O fado é a única arte urbana que ainda existe na Europa, todas as outras perderam-se, enquanto o fado continua desde o século XIX. O fado cantado em Lisboa, num pequeno restaurante, entre amigos, esse fado não mudou, e esta é a verdadeira arte fadista. É uma arte muito específica de Lisboa, uma música em que se encontra a melancolia e a esperança jamais alcançada pelo ser humano. Não é uma arte elitista, é do povo mas não uma arte folclórica. Estou muito feliz por finalmente se reconhecer e proclamar o fado como património da humanidade.”
Notícia actualizada às 17h31