Pedro Filipe Marques, um cineasta a crescer
A Nossa Forma de Vida, documentário de Pedro Filipe Marques, vem somando prémios internacionais, depois da consagração no Doclisboa 2011.
começa por se parecer com um retrato pícaro de duas “personagens”. Mas aquela torre de apartamentos no Porto vai-se revelando uma barricada: separando um mundo, “lá dentro”, de regras próprias, onde os outros não têm lugar e onde se reinventa de forma poderosa o que se passa “lá fora”... Afinal, há ali mais presenças invisíveis para além do neto cineasta, cujo trabalho, na verdade, é estar atento e captar todas as manifestações de possibilidades. E assim possibilitar ao espectador o mergulho na ficção que o mundo incentiva.
Algures, em A Nossa Forma de Vida, também se tacteia a morte. Não há como escamoteá-lo. Há qualquer coisa de veemente na fragilidade de Armando/Fernanda. Diz-nos que a "velhice" talvez seja uma zona de verdade: põe-nos em contacto com o grande nada.
A Nossa Forma de Vidafoi considerado em 2011 a melhor primeira obra na competição nacional do DocLisboa. Já em 2012 recebeu Menção Especial do Júri do Prémio Joris Ivens no Cinéma du Réel e o Prémio Extra Muros, destinado a realizadores que assinem primeira ou segunda obra documental, no Festival de Pravo Ljudski em Sarajevo. É um filme a crescer, é um realizador que queremos ver crescer.
Pedro Filipe Marques é licenciado em Realização pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Trabalha no cinema desde 1999 e montou, entre outros, Lisboetas, de Sérgio Tréfaut, e Juventude em Marcha, de Pedro Costa.