Os prémios europeus apaixonaram-se por Amour
A longa-metragem de Michael Haneke reclama os mais importantes troféus da Academia Europeia de Cinema. O filme estreia na próxima quinta-feira em Portugal.
, do austríaco Michael Haneke, foi o vencedor incontestado da 25.ª edição dos Prémios do Cinema Europeu - atribuídos no sábado à noite em La Valetta, Malta -, conquistando as quatro categorias principais: melhor filme, melhor realizador, melhor actor (Jean-Louis Trintignant) e melhor actriz (Emmanuelle Riva). O filme tinha
conquistado em Maio a Palma de Ouroem Cannes.
Centrado num casal de professores de música reformados, ambos octogenários, cuja vida se complica quando a mulher sofre uma trombose, Amour já vencera o Festival de Cinema de Cannes, e foi o escolhido para representar a Áustria nos candidatos a Óscar de melhor filme estrangeiro, sendo de admitir que a Academia de Hollywood o possa vir a nomear também para as categorias principais.
É a segunda vez que os Prémios do Cinema Europeu consagram um filme de Haneke, depois de O Laço Branco ter também ganho, em 2009, nas categorias de melhor filme e melhor realizador. Ao contrário dos Óscares, estes prémios não incluem as categorias de melhor actor e actriz secundários, ou Amour ainda teria podido render um prémio a Isabelle Huppert, que faz de filha de Trintignant e Riva no filme de Haneke.
Entre os restantes nomeados para melhor filme contavam-se Barbara, de Christian Petzold, Amigos Improváveis, a comédia de Olivier Nakache e Eric Toledano protagonizada por François Cluzet, César Deve Morrer, dos irmãos Tavianni, Jagten [A Caça], do dinamarquês Thomas Vinterberg, que foi nomeado para cinco prémios mas só recebeu o de melhor argumento, e Shame, do britânico Steve McQueen, que ganhou os prémios de melhor fotografia e melhor edição, mas que viu fugir para Amour não apenas o prémio de melhor filme, mas também os de melhor realizador e actor.
Michael Fassbender, protagonista de Shame, era um concorrente de peso, mas não conseguiu competir com o regresso do octogenário Jean-Louis Trintignant. Outro nomeado para melhor actor era Gary Oldman, pela sua encarnação de George Smiley, a mais notável personagem criada por John Le Carré, no filme A Toupeira (Tinker Tailor Soldier Spy), de Tomas Alfredson, que recebeu o prémio para a melhor direcção artística.
Também Emmanuelle Riva, mais de meio século após ter comovido o mundo com a sua interpretação em Hiroshima, Meu Amor, de Alain Resnais, regressou em grande neste filme de Haneke. Entre as rivais que bateu em La Valetta incluía-se, pelo seu papel em O Deus da Carnificina, de Roman Polanski, a actriz britânica Kate Winslet, detentora de um Óscar de melhor actriz.
Já o prémio do público recaiu numa obra que não estava sequer nomeada para melhor filme e que não recebeu qualquer prémio dos mais de dois mil votantes da Academia de Cinema Europeu: Hasta la Vista, do belga Geoffrey Enthoven, um road movie que conta a história de três amigos (um quase cego, outro paraplégico, e um terceiro que sofre de uma doença degenerativa em fase terminal) que partem em viagem decididos a perder a virgindade.
O suíço Manuel von Stürler venceu o prémio para o melhor documentário com Hiver Nomade, um olhar sobre o fenómeno da transumância, o checo Tomas Lunak recebeu o prémio para melhor filme de animação com o policial negro Alois Nebel, e Kauwboy, do holandês Boudewijn Koole, protagonizado por uma menina de dez anos com uma mãe ausente e um pai pouco presente, foi distinguido com o prémio para a melhor primeira obra.
A cerimónia de sábado incluiu ainda homenagens ao realizador italiano Bernardo Bertolucci e à actriz inglesa Helen Mirren, aos quais foram atribuídos prémios especiais de carreira.