Opereta inédita, escrita por Eça de Queirós e Batalha dos Reis, é publicada em livro

O libreto será editado juntamente com a partitura.

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A morte do diabo, com libreto de Eça de Queirós e Batalha Reis e música do compositor Augusto Machado, não foi terminada nem chegou a ser estreada em palco.
Mais de 140 anos depois, a investigadora Irene Fialho descobriu a partitura desta ópera cómica no espólio de Augusto Machado, na Biblioteca Nacional, em Lisboa.
“Não tinha qualquer título nem referência, mas vi que alguns versos remetiam para versos do Batalha Reis sobre Antero de Quental”, explicou Irene Fialho à agência Lusa. Da opereta, havia algumas referências em artigos de jornais da época, mas “há 120 anos que ninguém sabia dela”.

O libreto de A morte do diabo, que é editado agora em livro juntamente com a partitura – “pronta a ser tocada e cantada” – com estudos de Irene Fialho, de Mário Vieira de Carvalho e de José Brandão, foi escrito sobretudo por Eça de Queirós e isso percebe-se nos versos, defendeu a investigadora. Irene Fialho descreve que “a cena [da opereta] passa-se no inferno, onde estão todos os diabos; e o inferno está muito chato, estão todos a morrer de tédio e começam a pensar que é melhor estar no Chiado – apesar de também ser chato – do que estar no inferno”.

Para a estudiosa, a ópera cómica reflecte sobre Lisboa daquele tempo, mas o texto é actual, porque “se baseia na sociedade portuguesa”, como muitas outras obras de Eça de Queirós.
Eça de Queirós tinha pouco mais de vinte anos quando a opereta foi composta, mais ou menos na mesma altura em que, juntamente com Batalha Reis e Antero de Quental, criou a personagem Carlos Fradique Mendes, e antes ainda de enveredar pela carreira diplomática.

A morte do diabo será editado pela Editorial Caminho, do grupo Leya, a 4 de Junho. Considerado um dos maiores romancistas portugueses, Eça de Queirós é autor de obras como Os Maias, O primo Basílio, O crime do padre Amaro, A relíquia, A cidade e as serras e A ilustre casa de Ramires.