O Prémio Costa foi para um romance de estreia "surpreendente"

Nathan Filer partiu da sua experiência como enfermeiro para escrever a história de um jovem que assiste à morte do irmão.

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Nathan Filer com o seu livro, momentos antes do anúncio do vencedor Luke MacGregor/Reuters

O livro segue de perto Matthew Holmes, um jovem de 19 anos que assiste à morte do irmão e, naturalmente, fica afectado por essa memória. “Não é só [um livro] sobre esquizofrenia – é sobre a dor”, disse, citada pela BBC, a presidente do júri, Rose Tremain, para quem The Shock of the Fall é “surpreendentemente sólido para um primeiro romance”.

Filer, 32 anos, é hoje professor de escrita criativa na Universidade de Bath e trabalhou durante muitos anos como enfermeiro especializado no tratamento de doentes com problemas psiquiátricos.

Na cerimónia de terça-feira à noite, em Londres, o escritor mostrou-se completamente surpreso por ter sido o escolhido. Filer não preparou qualquer discurso porque, confessou, tinha olhado para as apostas e todos apontavam Kate Atkinson como a favorita pelo seu Life After Life. Na corrida estavam também Lucy Hughes-Hallet por The Pike, que conta a história do poeta italiano Gabriele D’Annunzio; o poeta Michael Symmons Roberts pela sua sexta colectânea, Drysalter; e o autor de livros infantis Chris Riddell com Goth Girl And The Ghost Of A Mouse.

Apesar de a discussão entre os jurados não ter sido intensa na fase final, Rose Tremain admitiu que a decisão não tinha sido unânime, embora o livro de Filer acabasse por se destacar no meio de “uma lista muito boa”. “Este livro é excepcionalmente comovente sem ser sentimental”, acrescentou a presidente do júri. “Esperamos que haja mais [romances] deste escritor.” Para Tremain, o facto de Nathan Filer ter ido buscar à sua experiência profissional como enfermeiro os ingredientes para criar esta história “tão maravilhosamente contada” é uma “fantástica conquista”.

O Costa para Melhor Livro do Ano – antes conhecido como Whitbread – foi criado em 1985 e destina-se a premiar autores que vivam no Reino Unido e na Irlanda. Os cinco que chegam à shortlist a cada ano recebem seis mil euros e o vencedor mais 36 mil. Em 29 anos já foi concedido 11 vezes a romances, cinco dos quais de estreia.

No ano passado – o primeiro em que o prémio de Melhor Livro do Ano passou a responder pelo nome Costa – a escolhida foi Hilary Mantel, que acabou por ganhar também o Man Booker.

Na cerimónia de terça-feira, ficou a conhecer-se também o vencedor da Melhor Short Story – a escritora e poeta Angela Readman foi a escolhida com The Keeper of the Jackalopes e por ele recebeu 4200 euros.

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