12 Anos Escravo e Golpada Americana concorrem esta noite nos Globos de Ouro
Época de prémios tem a sua primeira grande festa, num ano que os críticos dizem ser o mais competitivo em décadas.
O filme de Steve McQueen sobre a escravatura e a Golpada Americana de David O. Russell obtiveram sete nomeações cada um para os Globos, a entregar este domingo em Los Angeles (a cerimónia é transmitida em Portugal pelo canal SIC Caras, enquanto que a moda da passadeira vermelha está no canal E!), acompanhados de perto por Capitão Phillips, de Paul Greengrass, e Gravidade, de Alfonso Cuarón, nomeados em cinco categorias.
Estão nomeados para Melhor Filme Dramático 12 Anos Escravo, Gravidade, Capitão Phillips, Rush-Duelo de Rivais, de Ron Howard, e Filomena, de Stephen Frears (que estreia a 6 de Fevereiro em Portugal). A Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood seleccionou ainda, na categoria de Melhor Filme de Comédia ou Musical, Golpada Americana, Her, Nebraska, realizado por Alexander Payne, A Propósito de Llewyn Davis (Inside Llewyn Davis), dos irmãos Coen, e O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese.
Estão nomeados para Melhor Realizador Alfonso Cuarón (Gravidade), Paul Greengrass (Capitão Phillips), Steve McQueen (12 Anos Escravo), Alexander Payne (Nebraska) e David O. Russell (Golpada Americana).
Na categoria de Melhor Filme Estrangeiro surgem A vida de Adéle: Capítulos 1 e 2, de Abdellatif Kechiche, La Grande Bellezza, de Paolo Sorrentino, Kaze Tachinu (The Wind Rises), o último filme de Hayao Miyazaki, A Caça, de Thomas Vinterberg e O Passado, de Asghar Farhadi. Para Melhor Filme de Animação concorrem Os Croods, Gru, o Maldisposto 2 e Frozen: O Reino do Gelo.
Na categoria de melhor actor num filme dramático estão nomeados Chiwetel Ejiofor, por 12 Anos Escravo, Matthew McConaughey por O Clube de Dallas, Tom Hanks por Capitão Phillips, Robert Redford por All is Lost e Idris Elba por Mandela: Longo Caminho para a Liberdade. Na mesma categoria, para as actrizes, concorrem Cate Blanchett (Blue Jasmine), Sandra Bullock (Gravidade), Judi Dench (Philomena), Emma Thompson (Ao Encontro de Mr. Banks), Kate Winslet, (Labor Day).
As actrizes em comédias ou musicais candidatas ao globo são Amy Adams (Golpada Americana), Julie Delpy (Antes da Meia-Noite), Greta Gerwig (Frances Ha), Julia Dreyfus (Enough Said) e Meryl Streep por (August: Osage County - Um Quente Agosto). Os actores nomeados na mesma categoria são Christian Bale em Golpada Americana, Bruce Dern em Nebraska, Oscar Isaac em A Propósito de Llewyn Davis, Leonardo DiCaprio em O Lobo de Wall Street e Joaquin Phoenix por Her.
Ainda no campo dos actores, as actrizes nomeadas pelos seus papéis secundários são Sally Hawkins (Blue Jasmine), Jennifer Lawrence (Golpada Americana), Lupita Nyong’o (12 Anos Escravo), Julia Roberts (Um Quente Agosto) e June Squibb (Nebraska). Os actores candidatos ao Globo de Melhor Actor Secundário são Michael Fassbender (12 Anos Escravo), Barkhad Abdi (Capitão Phillips), Daniel Brühl (Rush), Bradley Cooper (Golpada Americana) e Jared Leto (O Clube de Dallas).
Spike Jonze é candidato ao Globo de Melhor Argumento por Her, acompanhado por Bob Nelson por Nebraska, Jeff Pope e Steve Coogan (Filomena), John Ridley (12 Anos Escravo) e Eric Warren Singer e David O. Russell por Golpada Americana.
As nomeações para os Globos não são exactamente barómetros certeiros para os Óscares, mas servem de impulso promocional para os filmes nomeados e têm a segunda mais estrelada gala da temporada de prémios a seguir aos galardões da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Contudo, num ano como este, que os peritos dizem ser aguerrido, incluem muitos dos fortes candidatos aos Óscares e alguns esperançosos sucessos de bilheteira neste Inverno.
Scott Feinberg, analista de prémios de cinema da revista especializada Hollywood Reporter, classifica então esta como uma “temporada de prémios invulgarmente competitiva”. Tim Gray, especialista em prémios de cinema na Variety, vai mais longe nas balizas temporais desta época hiperbólica do cinema (sobretudo norte-americano, que continua a ser a indústria dominante no sector mundial): desde que começou a trabalhar na área, em 1981, este é “sem dúvida" o melhor ano que já viu. “Em geral, há três ou quatro títulos que certamente serão nomeados para melhor filme, e tentamos adivinhar quais serão os ouros. Este ano, há pelo menos 15 longas-metragens que merecem uma nomeação para melhor filme”, disse esta quinta-feira à AFP.
Com muitos destes filmes guardados pelas distribuidoras portuguesas para este início de ano, alguns são ainda títulos que a maioria do público português não conhece. 12 Anos Escravo, o regresso de Steve McQueen e do seu actor Michael Fassbender, conta a história verídica de Solomon Northrup (Chiwetel Ejiofor), um negro livre que foi raptado e vendido, tornando-se escravo para trabalhar nas plantações do estado de Louisiana - estreou no dia 2 de Janeiro. A par de 12 Anos Escravo, que venceu já este ano o prémio principal no Festival de Toronto, surge O Mordomo, de Lee Daniels, outro filme acarinhado pela Guilda dos Actores, já estreado em Portugal, e que faz sobressair uma tendência de 2013 – os filmes sobre raça e feitos por cineastas negros. O contexto em que surge este último filme, sobre o mordomo negro que serviu oito presidentes dos EUA ao longo de 30 anos, é o de “um Presidente negro na Casa Branca” o que “talvez tenha tornado mais fácil falar sobre estes temas”, opinou o crítico da Variety, Scott Foundas, citado pela Reuters.
Depois de seis anos sem filmar, Jared Leto voltou ao cinema no papel de uma mulher transgénero com O Clube de Dallas (Dallas Buyers Club), a história, protagonizada por Matthew McConaughey, de um cowboy de rodeos seropositivo que luta pelo seu acesso ao tratamento contra a sida, papéis para os quais os actores se submeteram a uma visível transformação física. Estreia em Portugal na próxima quinta-feira, dia 16. Os dois intérpretes foram nomeados pela Guilda. Também de volta às listas de favoritos do ano com Her, protagonizado por Joaquin Phoenix, está Spike Jonze, que produz, escreve e realiza o romance de ficção científica sobre um homem que se apaixona pela voz de um sistema operativo digital - estreia em Portugal a 30 de Janeiro.
Outro dos favoritos da época de prémios é o regresso de Woody Allen com Blue Jasmine, um dos seus filmes mais elogiados pela crítica dos últimos anos, passado em São Francisco e protagonizado por Cate Blanchett no papel de uma abrasiva mulher da alta-sociedade nova-iorquina. As nomeações para os Globos e para os prémios da Guilda dos Actores confirmam esse favoritismo na categoria de Melhor Actriz, embora estes últimos devam ser olhados com particular atenção no que toca ao prémio de Melhor Elenco (escolheram 12 Anos Escravo, O Clube de Dallas, Golpada Americana, Um Quente Agosto e O Mordomo), porque, como lembrava a Reuters, este grupo profissional é um dos mais numerosos entre os votantes para os Óscares.
Além de haver poucas mulheres realizadoras na corrida aos prémios norte-americanos, depois de 2009 ter sido o ano em que Kathryn Bigelow venceu o Óscar de Melhor Realizadora com Hurt Locker – Estado de Guerra, há uma outra tendência que desponta. A dos filmes de orçamentos modestos conseguirem furar para prémios num momento em que os estúdios parecem perpetradores e vítimas do modelo de negócio baseado nos blockbusters de orçamentos astronómicos. 12 Anos Escravo custou menos de 20 milhões de dólares (14,5 milhões de euros), O Clube de Dallas foi feito com cinco milhões, Blue Jasmine com 18 milhões (13 milhões de euros), O Mordomo com 30 milhões (21,8 milhões de euros) e A Propósito de Llewyn Davis (Inside Llewyn Davis), dos irmãos Coen, terá tido um orçamento de 11 milhões de dólares (7,9 milhões de euros).
Há, claro, grandes favoritos com orçamentos de produção a condizer: Gravidade, de Alfonso Cuarón, filme de abertura no Festival de Cannes e que já foi considerado um dos melhores do ano pela Sight&Sound e pelos Cahiers do Cinéma, ou O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese, ultrapassarão os cem milhões de dólares (76 milhões de euros) de custos, e o Capitão Phillips de Tom Hanks e Paul Greengrass com cerca de 50 milhões (36,3 milhões de euros).
Precisamente: outro filme que começa agora a entrar na narrativa de prémios deste ano é O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese e com Leonardo DiCaprio no papel de Jordan Belfort (autor das memórias que deram origem ao filme): um corrector bolsista de Nova Iorque que se recusa a participar numa fraude de grande escala – o Los Angeles Times chama a esta comédia negra “a última peça no puzzle da temporada de prémios”, porque foi mostrado à crítica já tarde para ser reconhecido, por exemplo, pela Guilda dos Actores, estreando-se nos EUA no dia de Natal (o mesmo aconteceu com Django Libertado no ano passado, que acabou por receber dois Óscares). Estreou em Portugal no dia 9.
O ponto de chegada de tudo isto é a cerimónia de 2 de Março em Los Angeles. Até lá, sucedem-se os anúncios dos principais prémios de Hollywood e Londres (os Bafta, da Academia Britânica de Cinema e Televisão, têm ganho visibilidade nos últimos anos). As nomeações para os Óscares são conhecidas a 16 de Janeiro e os Bafta são entregues um mês depois. As Guildas de Actores, Produtores, Realizadores e Argumentistas têm as suas cerimónias nos dias 18, 19, 25 de Janeiro e 1 de Fevereiro, respectivamente.
Os Globos de Ouro escolheram também os seus candidatos na televisão: Breaking Bad - Ruptura Total (em Portugal no canal MOV e SIC Radical), Downton Abbey, The Good Wife (ambos Fox Life), House Of Cards e Masters Of Sex (ambas noTV Séries) são os nomeados na categoria de drama; A Teoria do Big Bang (AXN White), Brooklyn Nine-Nine, Girls (TV Séries), Uma Família Muito Moderna (Fox Life) e Parks & Recreation (AXN White) são os eleitos na comédia.
Lista completa de nomeações para os Globos de Ouro
Notícia actualizada a 12 de Janeiro, acrescentando-se dados sobre transmissão televisiva e alterando referências temporais; corrigida data de estreia de O Clube de Dallas