Músico de Jazz, Jimmy Scott, que nasceu em Julho de 1925, era conhecido pela peculiar voz de soprano que tinha devido a uma doença genética rara: sofria de síndrome de Kallmann, o que não o impediu de se tornar um músico de sucesso à escala internacional, com uma carreira de sete décadas. Atravessou todo o século XX e foi considerado por Billie Holiday como o seu cantor de eleição. Já em 2010, o norte-americano Sufjan Stevens escrevia no The Guardian que Jimmy Scott era “único”, destacando “a voz do outro mundo” que nos faz sentir vivos.

Jimmy Scott tornou-se conhecido na década de 1940 com o single Everybody’s somebody’s fool, que ainda hoje é reconhecido. Foi nesta altura que o músico foi convidado para se juntar à banda de Lionel Hampton. Durante anos actuou ao lado de músicos como Charles Mingus, Lester Young, Charlie Parker e Louis Armstrong. No início dos anos 1960, Ray Charles, com quem actuou várias vezes, quis gravar com Jimmy Scott na sua editora, a Tangerine, o que nunca aconteceu porque a editora para a qual Scott trabalhava, a Savoy, ameaçou com um processo judicial, alegando ter um contrato exclusivo e vitalício com o músico.

Desiludido com a indústria musical, Jimmy Scott, que na altura vivia em Nova Iorque, decidiu então desistir da música e dedicar-se a outros trabalhos. Só depois, na década de 1990, já com 67 anos, foi redescoberto por um empresário da Warner Bros, que ouviu a sua voz no funeral de um amigo. Já o processo com a Savoy estava ultrapassado. O resultado foi All the Way, um álbum que lhe valeu novamente o reconhecimento e fez ainda com que surgisse uma nova geração de fãs.

Foi então que Jimmy Scott fez uma digressão com Lou Reed e que teve uma participação especial no último episódio da série Twin Peaks, de David Lynch, interpretando a canção Sycamore trees.

Em 2003, o músico passou por Portugal, para um muito aclamado concerto na 13.ª edição do Festival de Jazz do Porto. 

Segundo a mulher de Jimmy Scott, Jeanie, o músico morreu durante o sono. Há muito tempo que Scott estava doente, tendo abandonado definitivamente os palcos há cerca de dois anos. No entanto, continuava a gravar, contou a mulher, citada pelo The Guardian. O funeral ainda não está marcado mas deverá acontecer na terra natal do músico: Cleveland, Ohio.