Morreu o crítico de cinema Roger Ebert
Especialista norte-americano em cinema não sobreviveu a um cancro, após uma longa luta contra a doença. Tinha 70 anos.
Dois dias antes da morte, Ebert deixou uma mensagem no seu site, anunciando que teria de se ausentar e abdicar de algumas actividades porque a fractura na anca que tinha sofrido revelou-se como estando afinal associada a um cancro.
Para os cinéfilos e o panorama mediático dos EUA, que já se tinham habituado à capacidade dele de resistir à adversidade, nada faria prever um fim tão rápido. Afinal, o crítico que durante 46 anos interpretou a actividade cinematográfica para os EUA e todo o mundo anglo-saxónico, já tinha sobrevivdo a um cancro na tiróide, doença que o obrigara a cirurgias complicadas, como a que o levou a perder o maxilar inferior e a capacidade de falar.
Mesmo assim, Ebert nunca deixou de trabalhar, reabilitou-se e até voltou à televisão. Aliás, na mesma mensagem de há dois dias, Ebert anunciava que iria submeter-se a radioterapia, o que dava a entender que andaria em tratamento. Só que, desta vez, não houve remédio.
A importância de Ebert pode ser avaliada pela duração da carreira, mas também pelos prémios e pelas iniciativas em que se envolveu. Foi o primeiro crítico a receber um Pulitzer – prémios que anualmente distinguem os melhores do jornalismo, da literatura e da composição musical nos Estados Unidos. A revista Forbes classificou-o um dia como o "especialista mais poderoso do mundo" – uma visão que reduz o planeta a um só país, mas que traduzia a importância que um país exímio no showbiz dava a este homem.
A carreira de crítico começou no jornal Chicago Sun-Times, em 1967. Mais tarde assinou também diversos programas televisivos. Foi o primeiro crítico a ter direito a uma estela em nome próprio no Hollywood Walk of Fame, o Passeio da Fama de Hollywood.
Escreveu mais de 20 livros dedicados ao cinema e organizou, desde 1999, um festival no seu estado natal, Illinois. As raízes familiares eram europeias (Alemanha, Irlanda, Holanda). Mas anets de se tornar numa voz influente do cinema americano, Ebert começou no jornalismo ainda como estudante a escrever sobre desporto. Acumulava essa paixão com as fanzines de ficção científica, um universo em que se sentia já a sua veia de crítico a pulsar.
Todos os anos, escolhia o melhor filme do ano. Quando começou em 1967, escolheu Bonnie and Clyde. Para 2012, optou por Argo.