José Manuel Costa é nomeado director interino da Cinemateca Portuguesa
José Manuel Costa passa da subdirecção à direcção da Cinemateca Portuguesa.
O despacho n.º 1240/2014, assinado pelo secretário de Estado Jorge Barreto Xavier, indica que José Manuel Costa é então director desde o início do ano. A sua escolha é justificada em Diário da República com o facto de o currículo académico e profissional de Costa evidenciar que Costa tem “perfil adequado” e “ aptidão” e “experiência profissional necessárias ao exercício do referido cargo”.
José Manuel Costa é funcionário da Cinemateca Portuguesa desde 1975 e sucede assim interinamente a Maria João Seixas, que dirigia a instituição desde Janeiro de 2010 e que não se recandidatou ao cargo na sequência do processo de recrutamento para cargos dirigentes da administração pública. Num contexto de suborçamentação, a Cinemateca Portuguesa viveu no ano passado momentos conturbados, com a então directora, Maria João Seixas, a denunciar a falta de verba para poder abrir portas e que essas faltas, ao longo do ano (e à semelhança do que acontecera já em anos anteriores, segundo disse o próprio secretário de Estado da Cultura no Parlamento), estavam a ser supridas com recurso ao Fundo de Fomento Cultural.
No final de Agosto de 2013, essa mesma situação levou ao debate, nos jornais, na Internet e no Parlamento, sobre o modelo de financiamento da instituição e a urgência de o alterar. O próprio secretário de Estado Jorge Barreto Xavier descreveu em Outubro no Parlamento uma década de agravamento dos problemas financeiros da Cinemateca, aprofundados em especial desde 2008 porque, vindo a sua receita sobretudo das taxas cobradas aos anunciantes de publicidade na TV, e estando elas em queda, “a divergência entre a receita cobrada em 2008 e a receita cobrada em 2013 é de quase 50% e corresponde à baixa do montante da publicidade”. Isso “levou a situações sucessivas de socorro à Cinemateca”, disse Barreto Xavier, aludindo às dotações extraordinárias do Fundo de Fomento Cultural. Os partidos da oposição apresentaram propostas que visavam alterar o modelo de financiamento da Cinemateca Portuguesa, chumbados pela maioria parlamentar, com a tutela então a prometer uma solução para a instituição no Orçamento do Estado (OE). Este último manteve a Cinemateca como instituto público.
Maria João Seixas dissera já que o peso da taxa cobrada aos anunciantes é muito superior a 50% no orçamento anual da Cinemateca e, tendo no passado chegado a representar três milhões de euros, Barreto Xavier admitiu no ano passado queem 2014 deverá ser menos de dois milhões de euros. A Cinemateca conta em 2014 com 1,3 milhões de euros do Fundo de Fomento Cultural, num ano em que a despesa prevista da Cinemateca é de 3,3 milhões de euros, segundo indicava a proposta de Orçamento do Estado para 2014. Na altura da entrega da proposta de OE, José Manuel Costa dissera ao PÚBLICO que em 2014 seria possível "manter as rotinas base da Cinemateca, nas áreas da divulgação e da conservação", tendo prometido "fazer mais para conseguir mais receita própria adicional."
Costa começou o seu percurso na Cinemateca Portuguesa no Serviço de Programação e Divulgação e foi responsável pela criação do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM), do qual foi o primeiro director.
Ocupando agora pela primeira vez o cargo de director da Cinemateca Portuguesa, integrou algumas equipas directivas da instituição – foi subdirector da mesma em 1996. Foi presidente do Comité Executivo da Associaçãodas Cinematecas Europeias(1991-98) e do Comité Executivo do Projecto LUMIÈRE, integrado no Programa MEDIA da União Europeia (1991-96). Paralelamente, além de exercer as funções de professor no Departamentode Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é investigador, membro fundador da Associação pelo Documentário e fundou e dirigiu o seminário Doc’s Kingdom, que hoje co-dirige.
Notícia corrigida às 14h07, esclarecendo que a direcção de José Manuel Costa é interina