Grécia recupera mais de 70 esculturas roubadas

Depois de detidos três dos suspeitos, as autoridades reaveram artefactos roubados do Museu de Olímpia em Fevereiro. Estavam enterrados a pouco mais de três quilómetros do lugar onde nasceram os Jogos Olímpicos.

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Muitas das esculturas têm formas de animais Polícia grega/Reuters
O anel que os ladrões tentaram vender
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O anel que os ladrões tentaram vender Polícia grega/Reuters

A polícia prendeu três dos suspeitos na sexta-feira, num hotel da cidade de Patras, depois de um agente à paisana se ter feito passar por um potencial comprador. Um dos homens, que segundo a agência de notícias AFP acabou por divulgar a identidade dos seus cúmplices, tentou negociar a venda de um anel de ouro com 3200 anos: começou por pedir 1,5 milhões de euros e acabou por aceitar 300 mil. Os outros dois esperavam-no no átrio do hotel.

Em seguida, a polícia recuperou os restantes artefactos, muitos com mais de três mil anos – estavam num saco e enterrados numa zona rural nos arredores da antiga cidade de Olímpia, a pouco mais de três quilómetros do museu. Entre eles há várias lucernas, vasos de cerâmica e estatuetas dos atletas que participavam nas corridas de cavalos e touros.

Os ladrões já detidos são de nacionalidade grega, têm entre 36 e 50 anos e alguma experiência no tráfico de antiguidades. Dois deles são desempregados e o terceiro é um construtor civil de Patras.

As autoridades, que estão ainda à procura de dois outros cúmplices, garantiram numa conferência de imprensa no sábado, em Atenas, que todos os artefactos roubados na manhã de 17 de Fevereiro foram recuperados. Mas a equipa do museu arqueológico da cidade onde nasceram os Jogos Olímpicos quer examinar cuidadosamente cada uma das peças para se certificar de que o conjunto está completo. Diz a BBC online que as peças deverão chegar ao museu durante esta semana.

“Hoje é um dia extremamente importante e feliz para o Ministério da Cultura e a comunidade arqueológica”, afirmou no sábado a secretária-geral do Ministério da Educação, Cultura e Desporto, Lina Mendoni, citada pela agência Xinhua. “No meio de uma onda de publicidade negativa em relação à vida da Grécia e dos gregos, que já dura há dois anos, este é um momento luminoso. Estes objectos fazem parte da nossa história”, disse Maria Panagopoulou, habitante de uma aldeia próxima do estádio de Olímpia, à agência de notícia chinesa. “Com o roubo, sentimos que parte do nosso coração tinha desaparecido. Agora está outra vez no lugar.”

O roubo no Museu de Olímpia, o primeiro desde que abriu no edifício onde hoje se encontra, em 1982, foi imediatamente ligado à crise que a Grécia atravessa. Os cortes orçamentais no Ministério da Cultura têm levado a despedimentos de guardas e vigilantes de museus e sítios arqueológicos um pouco por todo o país.

Quando os ladrões entraram no museu arqueológico, apenas uma segurança estava a trabalhar e não foi difícil amarrá-la, apesar de ter oferecido resistência, disseram na altura as autoridades locais. O roubo em Olímpia foi particularmente embaraçoso para o governo de Atenas porque aconteceu apenas um mês depois de a Galeria Nacional de Arte, na capital, ter sido assaltada – foram levadas duas pinturas, uma de Picasso e outra de Mondrian. Perante as críticas à falta de segurança no património grego, o ministro da Cultura, Pavlos Geroulanos, pediu a demissão, que não foi aceite.

No sábado, o governo procurou tirar dividendos da operação policial que levou à detenção dos assaltantes de Olímpia. O ministro Nikos Dendias garantiu: “Mesmo no mais difícil dos cenários nós não comprometemos a segurança nem a protecção do nosso património.” O Mondrian e o Picasso ainda não foram recuperados.
 
 
 
 

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