Desenho de Rafael leiloado por 36,5 milhões de euros é o mais caro de sempre
Obra pertence a uma série de esboços preparatórios da última pintura deste mestre do Renascimento, A Transfiguração, hoje nos museus do Vaticano. Estava há séculos na colecção de desenhos do duque de Devonshire, uma das melhores do mundo.
Com este apóstolo que foi arrematado por 36,5 milhões de euros, o artista da Renascença supera-se: em 2009, uma das suas cabeças de Medusa fora vendida por 36,1 milhões na leiloeira concorrente, a Christie’s. O apóstolo vence a Medusa na corrida ao desenho mais caro de sempre vendido em leilão.
“Se tivermos sorte, chega uma altura na carreira em que uma obra destas aparece”, disse à BBC o responsável da leiloeira pelos desenhos dos mestres da pintura antiga, Gregory Rubinstein. “Houve um número razoável de alguns dos maiores coleccionadores do mundo que deram a cara esta noite, em reconhecimento do génio de Rafael, da beleza extraordinária deste desenho e da excelência da sua proveniência.”
O acervo de Chatsworth inclui 3000 desenhos dos mestres antigos, como Rubens, Van Dyck e Rembrandt. A Cabeça de Apóstolo (1519-1520) é (era) um dos 14 Rafael do duque. A Sotheby’s garante que, nos últimos 50 anos, apareceram apenas dois desenhos desta qualidade em leilões.
A colecção Devonshire, uma das mais importantes do mundo no que diz respeito aos desenhos dos grandes mestres, foi reunida, em grande parte, por William Cavendish (1672-1729), o segundo duque. Em Inglaterra, segundo o diário espanhol El Mundo, só o Museu Ashmolean de Oxford e o Museu Britânico têm mais desenhos de Rafael do que Chatsworth House.
O duque diz que o dinheiro desta venda vai agora ser investido “no futuro” da sua colecção.
O desenho de Rafael (1483-1520) agora vendido – especula-se que para um coleccionador russo – é particularmente simbólico porque se trata de um estudo feito para a sua última pintura, A Transfiguração, que, aliás, deixou inacabada. Esta obra, que hoje pertence aos museus do Vaticano, é considerada uma das mais importantes do Renascimento. Era também ela que estava pendurada no estúdio do pintor, quando o seu corpo ali foi velado. Rafael tinha apenas 37 anos.
“Este estudo comovente é um exemplo excepcional da produção de Rafael e mostra porque é respeitado como, provavelmente, o maior mestre do desenho de todos os tempos”, acrescentou Gregory Rubinstein, da Sotheby’s, desta vez citado pelo El Mundo. “A beleza deste trabalho é impressionante.”