Cannes estreia um pesadelo de Hollywood assinado por David Cronenberg
Map to the Stars marca o regresso do realizador canadiano dois anos depois de Cosmopolis, também estreado no festival francês.
Map of the Stars leva o realizador canadiano de volta a Cannes. Cosmopolis, o seu penúltimo filme, fora incluído na Competição à Palma de Ouro em 2012. Dois anos depois Map of the Stars repete o percurso (e a presença de Robert Crepúsculo Pattinson, desta vez ao lado de Julianne Moore, John Cusack ou Mia Wasikovska). Será estreado a 21 de Maio, uma semana após o início do festival.
Map of the Stars segue o percurso de uma típica família de Hollywood, tipicamente disfuncional, formada por Stafford Weiss (John Cusack), psicoterapeuta que enriqueceu a publicar livros de auto-ajuda, a sua mulher, Cristina (Olivia Williams), manager do filho Benjie (Evan Bird), que aos treze anos já anda a entrar e sair de clinicas de desintoxicação. A irmã de Benjie, Agatha, é, por sua vez, uma pirómana condenada e recentemente libertada de um sanatório. Junte-se um aspirante a actor que, por agora, conduz uma limousine (Robert Pattinson enquanto Jerome Fontana), e uma actriz, Havana Segrand (Julianne Moore), assombrada pelo fantasma da mãe, uma estrela no seu tempo – e, pelo caminho, ainda aparece Carrie Fisher, a eterna Princesa Leia de Guerra das Estrelas, interpretando-se a si própria. O resultado? Cronenberg a assinar “uma espécie de sátira a Hollywodd”, como declarou o próprio à Indiewire em Janeiro de 2013. “É muito típico da escrita do [argumentista] Bruce Wagner. É como que a essência do Bruce condensada. E, sendo satírico, é também muito poderoso emotivamente, perceptivo e divertido”.
Rodado entre o Canadá e Los Angeles, Maps of the Stars, parece indicar que o realizador de Crash ou A Mosca está a embarcar "numa nova era” em que se debruça sobre “a infelicidade e o tédio dos ricos e famosos com um distanciamento elíptico”, escreve o Guardian. Cosmopolis, produzido por Paulo Branco e adaptado do romance com o mesmo título de Don DeLillo, também mostrava Robert Pattinson dentro de uma limousine. Mas ali Pattinson era o bilionário especulador financeiro de 28 anos cuja viagem no carro luxuoso até ao barbeiro, que, como seria de esperar, se revela menos corriqueira que o esperado, ilustra o carácter predatório e o vazio moral do capitalismo selvagem. A recepção crítica não foi consensual, quer em Cannes, quer no pós-Cannes. Ainda assim, os históricos Cahiers du Cinema, por exemplo, elevaram-no a segundo lugar na sua lista de melhores filmes de 2012.
Maps to the Stars concorrerá à Palma de Ouro em Cannes com históricos de outras latitudes, como Jean-Luc Godard (Adieu au Language) ou os britânicos Ken Loach (Jimmy’s Hall) e Mike Leigh (Mr. Turner). A concurso estão igualmente um aspirante a clássico americano, Tommy Lee Jones (The Homesman), o muito jovem canadiano Xavier Dolan, que aos 25 anos se estreia em competição com Mommy, ou os celebrados irmãos Dardenne (Deux Jours, Une Nuit).
O Festival de Cannes tem início a 14 de Maio. Abre com Grace of Monaco, de Olivier Dahan, com Nicole Kidman no papel da actriz americana tornada princesa europeia.