Com a sua proposta, Aurélie Filipetti quis assinalar os 50 anos do lançamento do álbum The Freewheelin’ Bob Dylan, que inclui temas como Blowin' in the Wind e A Hard Rain’s a-Gonna Fall. O primeiro entrave surgiu na figura do general Jean-Louis Georgelin, chanceler da ordem da Legião de Honra.

Segundo a imprensa francesa, Georgelin considerou que Dylan não é digno de receber a distinção instituída por Napoleão Bonaparte em 1802. Na origem da decisão do general estão as posições contestatárias e polémicas que Dylan tomou ao longo da sua vida, como quando se opôs à guerra do Vietname, e o facto de consumir cannabis.

Também Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, se manifestou contra a escolha, afirmando numa entrevista à televisão pública France 3 que se tal acabar por acontecer ficará chocada. “Eu gosto muito de Bob Dylan mas não é preciso exagerar”, disse Le Pen, para quem a Legião de Honra tem sido “distribuída a qualquer pessoa sem como nem porquê”.

“A Legião de Honra é um reconhecimento da nação àqueles que se bateram por ela ou àqueles que contribuíram com avanços espectaculares para o domínio da cultura ou cientifico”, explicou a líder do partido de extrema-direita. Na sua opinião, esse não será o caso de Dylan.

Entretanto, a ministra da Cultura já se viu obrigada a justificar a escolha, mantendo posição. “Cada ministro propõe nomes para a Legião de Honra, eu propus o nome daquele que Obama considerou o maior músico americano da história”, disse Filipetti, citada pela AFP,  e lembrando que no ano passado o músico foi condecorado pelo presidente norte-americano com a Medalha da Liberdade, o mais alto galardão concedido nos Estados Unidos a quem se distinguiu ao longo da sua vida na defesa dos direitos civis e liberdades públicas.

Com isto tudo, não se sabe ainda se Dylan será ou não agraciado em França. O próprio músico ainda não se manifestou em relação ao caso mas a ministra da Cultura francesa garante que tudo se resolverá. “Seria um bom sinal para a França, e para todos os que gostam de rock e de música em geral, que prestássemos homenagem a Bob Dylan”, concluiu.

É comum vermos nomes da Cultura serem agraciados com a Legião Honra e raras são as vezes em que os nomes são contestados. No ano passado, o beatle Paul McCartney recebeu a distinção sem qualquer problema. Mas também já houve outros que viram a condecoração retirada depois de se terem envolvido em algum tipo de polémica. Foi o caso do criador de moda John Galliano, que perdeu o título depois do escândalo dos comentários anti-semitas que o levou aos bancos dos tribunais.