Banksy invade as ruas de Nova Iorque

Durante todo o mês de Outubro o icónico e polémico artista de rua britânico vai residir em Nova Iorque, pintando as suas paredes. Na terça-feira, surgiu a primeira peça, com a irónica inscrição: “o graffiti é crime.”

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O número 18 da Allen Street

E no que consiste o projecto? Durante todo o mês, diferentes zonas da cidade acolherão novas obras do artista natural de Bristol, Inglaterra, cuja identidade ninguém conhece. Será uma espécie de grande exposição a céu aberto. A primeira obra já se pode ver no número 18 da Allen Street, a meio caminho entre o Lower East Side e Chinatown. Pintada sobre um muro, a peça mostra uma criança empoleirada sobre as costas de outra, com uma lata de spray de um sinal onde se pode ler: “o graffiti é crime.” Mas o projecto não se fica por aí.

Cada uma das peças será complementada por uma explicação em formato áudio. Para escutar o esclarecimento basta marcar um número de telefone que aparecerá ao lado da peça. A primeira explanação já conhecida parece ser uma sátira ao estilo convencional dos áudio-guias de museus, com frases como “está a observar um tipo de pintura chamada graffiti, do latim graffito, que significa graffiti com um O.”

Ainda não se sabe como reagirão as autoridades e durante quanto tempo aguentarão as obras na rua. O próprio artista está consciente da sua condição efémera, como se constata por frases contidas no áudio-guia: “à sua frente tem uma peça de arte-spray do artista Banksy. Ou talvez não porque, provavelmente, já alguém terá pintado algo por cima.” O projecto pode ser acompanhado no sítio da internet do artista.

Há mais de 15 anos que Banksy opera por esse mundo fora, concebendo obras efémeras mundialmente conhecidas, ao mesmo tempo que mantém o anonimato. Desde inscrever trabalhos no muro de Gaza, até entrar disfarçado nos museus mais ilustres para aí assentar obras cheias de humor, ao lado dos quadros mais célebres, tem feito de tudo ao longo dos anos.

Mesmo assim, apesar de todo o reconhecimento, e de obras suas terem sido expostas em museus e galerias, mantém traços do seu comportamento de sempre. Hoje, onde quer que deixe as suas obras, já se sabe que irá provocar discussões públicas. Há quem sustente que o seu traço de crítica social, eminentemente fantasista, procurando sempre a correlação com o espaço envolvente, deve ser mantido onde é deixado. Mas há também quem considere que não passa de vandalismo.

Em 2010 realizou Exit Through The Gift Shop, documentário (ou falso documentário) onde reflectia, com ironia, sobre os interstícios onde se move, personificando os conflitos entre rua e galeria, entre verdade e artifício, entre ser crítico do capitalismo financeiro desregulado e as suas obras serem validadas no circuito da arte contemporânea que move milhões. Ao longo do mês, o britânico Banksy, vai voltar a concentrar atenções.

 

 

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