Alexandra Lucas Coelho vence Grande Prémio de Romance da APE
E a Noite Roda foi escolhido por unanimidade ao fim de três reuniões do júri.
José Correia Tavares, Ana Marques Gastão, Clara Rocha, Isabel Cristina Rodrigues, Luís Mourão e Manuel Gusmão compuseram o júri, que já se reunira por duas vezes antes de tomar uma decisão final, esta segunda-feira.
E a Noite Roda, história de amor entre uma jornalista catalã – Ana Blau, a narradora – e um jornalista belga, batia-se com mais cinco finalistas:O Varandim seguido de Ocaso em Carvangel, de Mário de Carvalho, Jesus Cristo Bebia Cerveja, de Afonso Cruz, A Rapariga Sem Carne, de Jaime Rocha, e O Banquete, de Patrícia Portela.
“Se já tinha ficado muito surpreendida por ter sido nomeada”, disse a autora ao PÚBLICO, “fiquei completamente abismada quando soube que tinha ganho”. E acrescenta que se sente “muito honrada” não apenas por admirar “todos os escritores que já o receberam”, mas também os que integraram este júri, e ainda os autores cujos livros concorriam directamente com o seu. “Admiro-os muito a todos e gostava de partilhar de alguma forma o prémio com eles”.
Alexandra Lucas Coelho explica que deixou os quadros do PÚBLICO no início deste ano, onde se mantém como cronista e colaboradora, e que quis “fazer uma opção de vida que passava por tentar escrever livros”. Daí que este prémio não pudesse ter chegado em melhor hora. “É um enorme incentivo para mim, e em particular para o romance que estou agora a escrever, que se chamará Deus Dará e que irá situar-se inteiramente no Rio de Janeiro.
A repórter e romancista fez ainda questão de agradecer à sua editora, a Tinta-da China, e em especial a Bárbara Bulhosa, a primeira pessoa a quem deu a ler o livro. “A Tinta-da-China é a minha casa e fico muito contente que com este livro tenha recebido o seu primeiro prémio na ficção”, disse Lucas Coelho, que já tinha publicado na mesma chancela vários livros de reportagem e de viagens: Caderno Afegão (2009),Viva México (2010), Tahrir! (2011) e, já este ano, Vai, Brasil. A estes títulos soma-se ainda o seu livro de estreia, Oriente Próximo, que saiu em 2007 na Relógio D’Água.
Licenciada em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa e várias vezes premiada enquanto repórter – recebeu designadamente o Grande Prémio Gazeta, em 2005 –, Alexandra Lucas Coelho disse à Lusa, por ocasião do lançamento deste livro, que “o que diferencia o jornalismo da literatura, é a possibilidade de fazer com os materiais tudo o que quiser”, mas que o que continua a movê-la é o mesmo interesse pelo real que a levou ao jornalismo.
E a Noite Roda ganhou a 31.ª edição do Grande Prémio de Romance e Novela da APE, que já distinguiu autores como Vergílio Ferreira, José Saramago, Agustina Bessa-Luís ou António Lobo Antunes, e que cujo vencedor mais recente fora Ana Teresa Pereira com O Lago.