Águas de Março afectaram desenhos e pinturas do Museu do Prado
A infiltração, a 11 de Março, danificou vários desenhos do século XVIII e uma pintura do pintor flamenco Jan Bruegel, o Velho (1568-1625).
Miguel Zugaza e a sua equipa informaram na altura o presidente do Prado, José Pedro Pérez-Llorca, e a equipa de técnicos e foi decidido que o incidente não seria divulgado para “deixar trabalhar os restauradores com tranquilidade”, explica Zugaza. Que assegurou ao diário espanhol que este tipo de coisas “pode acontecer num dado momento a um museu qualquer, velho ou novo”.
O curto-circuito na zona dos depósitos e falha eléctrica que resultou das infiltrações acabou por alertar os responsáveis da pinacoteca do museu para o incidente. A água chegou à zona de depósitos através da conduta de extracção do sistema contra incêndios. Segundo o desenho de remodelação do edifício, feito pelo arquitecto espanhol Rafael Moneo em 2007, os tubos da conduta, por onde a água escorreu, permitem, em caso de incêndio, libertar o gás nobre F-13, que impede a propagação do fogo. “O problema foi que a água se acumulou nesses tubos e deslizou até ao depósito, onde começou a gotejar”, explicou Miguel Zugaza.
Passaram 24 horas até que o sistema de segurança do Prado detectasse a infiltração. Outras fontes afirmaram que a água pingou durante todo o fim-de-semana que precedeu essa segunda-feira de 11 de Março.
Quando tomou conhecimento da situação, o director reuniu a sua equipa e foram tomadas medidas de modo a restaurar de imediato as obras danificadas. “A equipa de restauradores do museu trabalhou de forma exemplar”, assegurou.
A água atingiu dois suportes móveis do armazém onde se guardam as pinturas não expostas. As obras em papel que sofreram danos, nomeadamente várias do pintor espanhol do século XVIII Joaquín Inza (1736-1811), estão a ser secas pelo método da evaporação. A recuperação do óleo Banquete de Casamento (1623) de Jan Bruegel, filho do também pintor Pieter Bruegel (1525-1569), está a cargo da restauradora Clara Quintanilla, que já conseguiu eliminar a humidade da superfície da tela.
Esta infiltração não é uma estreia no Prado. Conhecem-se seis episódios destes nos últimos vinte anos, escreveu o El País. Em 1993, a água pingou na mesma sala sobre Las Meninas (1656), de Velázquez (1599-1660), o que acabou por resultar na demissão do então director Felipe Garín. Em 1997, responsável do museu, Fernando Checa reconheceu que tinha havido infiltrações em várias salas. Em 1999, a Galeria Central foi afectada como consequência de uma infiltração provocada pela condensação do sistema de ar condicionado. Em 2008, apenas cinco meses depois da inauguração do Prado remodelado, foram encerradas temporariamente três salas devido a uma falha no sistema de climatização e consequentes infiltrações.