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A menina é filha de quem? de Rita Ferro vence PEN Narrativa 2012

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Rita Ferro não estava à espera de receber o prémio Joana Bourgard

Num breve contacto com o PÚBLICO, Rita Ferro disse que esta distinção foi uma grande surpresa, sobretudo sabendo que entre os cinco finalistas do Prémio de Narrativa estavam As Luzes de Leonor de Maria Teresa Horta, A Rocha Branca de Fernando Campos, O Romance do Gramático de Ernesto Rodrigues, e Tempos de Esperança de Pedro Beltrão.

“Não me passou pela cabeça. Digo-o com toda a humildade”, confessou a escritora. “Fiquei muito feliz por estas pessoas do júri reconhecerem este livro como um livro sério. Foi a primeira vez que escrevi um romance sobre a minha vida.”

Rita Ferro, 57 anos, é filha do escritor António Quadros e neta de António Ferro, jornalista, político e director do Secretariado Nacional da Propaganda de Salazar. A sua mãe Paulina Roquette Ferro é personagem central do livro premiado.

Autora de mais de 20 livros, Rita Ferro, que publica com a D. Quixote, diz que este livro se distingue dos outros por isso mesmo. “É matéria-prima da minha vida. Não é ficção. Há uma outra intensidade, outra verdade e outro entusiasmo.”

A decisão do PEN Narrativa foi tomada por unanimidade pelo júri composto para esta categoria por Helena Barbas, Artur Anselmo e Fernando Dacosta. E que considerou que, com esta obra, Rita Ferro se debruça "corajosamente sobre uma época e uma geração malditas que contribuíram inevitavelmente para a matriz da nossa identidade". Cada categoria teve um júri próprio.

Fernando Guimarães venceu na Poesia com As raízes diferentes editado pela Relógio d'Água, Maria Filomena Molder no Ensaio com O Químico e o Alquimista, Benjamin e Leitor de Baudelaire publicados também pela Relógio d'Água . E Pedro Vieira foi o escritor distinguido na Primeira Obra com Última Paragem em Massamá editado pela Quetzal. Com excepção do prémio para primeira obra, cujo valor pecuniário é de 2500 euros, os outros prémios são de cinco mil euros.

Na Narrativa, a distinção dá alento a Rita Ferro para o próximo livro em vários volumes e no qual já começou a trabalhar – um romance sobre o avô, António Ferro, de quem diz haver “um lado oculto, desconhecido, até ao momento das entrevistas a Salazar” na década de 1930. “Este prémio deu-me uma grande força para mexer em matérias familiares com outro estímulo e outra segurança.”

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