A arquitectura é “sem dúvida um dos grandes activos contemporâneos portugueses”

Secretário de Estado da Cultura apresentou esta sexta-feira plano para 2013, ano da arquitectura portuguesa, com foco na internacionalização e na empregabilidade.

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A arquitectura é, “sem dúvida, um dos grandes activos contemporâneos portugueses”, atestou Barreto Xavier, “um exemplo” para os caminhos necessariamente internacionais que a marca da arquitectura portuguesa pode percorrer num momento em que, como disse o presidente da Ordem dos Arquitectos João Belo Rodeia, “os arquitectos e a arquitectura portuguesa passam por tantas dificuldades”. Para Belo Rodeia, o plano para o ano da arquitectura portuguesa (AAP) da SEC com a AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, o Turismo de Portugal, o Instituto Camões, juntamente com Direcção-Geral do Património Cultural, Direcção-Geral das Artes, Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas – e que ouviu para este fim a Ordem dos Arquitectos, a Trienal de Arquitectura de Lisboa, a Associação Estratégia Urbana e a Casa da Arquitetura de Matosinhos – é exactamente “o princípio de um caminho”.

Um percurso de um ano “que não significa um acréscimo de despesa de cada uma das instituições” envolvidas, segundo Barreto Xavier, que pretende deixar lastro para os seguintes. E que em 2013 envolverá exposições (uma lista de 11 mostras e conferências em dez países de diferentes instituições foi coligida e apresentada no âmbito do AAP), road-shows e missões específicas da AICEP sobre a arquitectura, que dará “informação mais qualificada” aos seus profissionais sobre a arquitectura portuguesa, e, sobretudo, tem como objectivo final “melhorar a empregabilidade dos nossos arquitectos, mas também nos serviços mais alargados” como as áreas da engenharia e construção, disse Barreto Xavier.

Ganho o prestígio internacional da arquitectura vinda do país de dez milhões de habitantes que já tem dois prémios Pritzker, João Belo Rodeia disse ao PÚBLICO que é essencial a concertação de organismos públicos e privados para que ela se aproxime “das pessoas e este recurso seja potenciado economicamente”. “O paradigma do comércio externo português está todo assente na exportação de serviços”, estando agora a ordem a trabalhar com a AICEP para “tentar montar uma estratégia de exportação da massa cinzenta”. Para “conseguirmos competir”, sublinha.

O plano tem três linhas de acção, que começam pela melhor comunicação da arquitectura portuguesa junto dos intervenientes do sector económico, “investidores, consumidores ou empresários”. Na prática, esta marca “é sobretudo apresentada em circuitos de valorização profissional ou académica”, diz Barreto Xavier, e agora tanto o Instituto Camões, “na sua relação com as embaixadas em todo o mundo”, como o Turismo de Portugal na sua apresentação do país terão um papel na sua divulgação mais generalizada.

A promoção dos serviços de arquitectura, o segundo vector do AAP, visa “facilitar a circulação dos profissionais portugueses, por exemplo no contexto da União Europeia”, criando “maiores facilidades de circulação e contratação”, especificou o secretário de Estado. Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões, referiu que, além de o organismo estar já a trabalhar numa exposição sobre arquitectura portuguesa a levar a vários centros culturais do instituto pelo mundo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros tem já no seu “radar” a identificação de projectos aos quais possam concorrer arquitectos portugueses.

Pedro Reis, presidente da AICEP, frisou, por seu turno, que há três grandes mercados, “três bolsas de oportunidade que interessam a Portugal”: os países da CPLP, os países emergentes e os países em reconstrução, onde, por arrasto, poderão também ser beneficiados “sectores como a engenharia, os materiais de construção e fileiras como as da fiscalização e projecto”, precisa.

Entre as onze exposições que foram hoje apresentadas no quadro do AAP, que já vinham a ser desenvolvidas por diferentes instituições para 2013 em países que vão de Moçambique à Guiné-Bissau, passando pelo Reino Unido ou Espanha, destacam-se os nomes de Álvaro Siza e Eduardo Souto Moura, os dois Pritzker portugueses. Álvaro Siza será um dos integrantes da mostra Von der Linie zum Raum, na Universität der Künste, que inaugura a 1 de Março em Berlim, juntamente com artistas plásticos como Paula Rego ou Adriana Molder. Siza e Eduardo Souto Moura assinam, também em Março, uma instalação no Parque Ibirapuera, em São Paulo, integrada no Ano de Portugal no Brasil. Ambos voltam a estar juntos em Junho, na Sérvia, integrados numa iniciativa dedicada à arquitetura portuguesa como parte da Belgrade Design Week e também na Universidade de Belgrado. Eduardo Souto Moura proferirá ainda uma conferência, com o fotógrafo Fernando Guerra, numa universidade irlandesa a 2 de Maio. 

Notícia actualizada às 20h16

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