Esther Williams (1921-2013): a rainha das sereias
Uma das mais populares vedetas da Hollywood dos anos 1940/50 morreu esta quinta-feira aos 91 anos.
foi também o título que Esther Williams, falecida esta quinta-feira em Los Angeles aos 91 anos de idade, escolheu para a sua autobiografia. Publicada em 1999, nela a actriz contava sobre a sua carreira como uma das mais populares vedetas dos anos de ouro do cinema musical americana, conhecida não por dançar como Cyd Charisse nem por cantar como Jeannette Macdonald, mas sim... por nadar.
Promovida pela MGM como “resposta” à popularidade da patinadora Sonja Henie (contratada da concorrente Fox), Williams acabaria por ter junto do público e dos cinéfilos a longevidade que a patinadora nunca teve. A popularidade dos “aquamusicais” escapistas e coloridos em que entrou, marcados por elaboradíssimos números de natação sincronizada ou espectaculares saltos para a água, levou à construção de um plateau dedicado com uma piscina de sete metros de fundo e 30 metros quadrados de área.
Títulos como Escola de Sereias (1944), A Tentação de Todos (1947), Numa Ilha com Ela (1948), A Rainha das Sereias (1949), A Canção Pagã (1950) ou A Sereia Perigosa (1953) foram alguns dos filmes mais populares (e lucrativos) da MGM nesse período. Neles Williams contracenava com outras estrelas da companhia como Peter Lawford, Ricardo Montalbán, Howard Keel, Van Johnson ou até as personagens animadas Tom e Jerry.
Natural de Los Angeles, Esther Williams tinha ganho títulos desde a adolescência locais e nacionais de natação, mas a sua ambição de ser atleta olímpica foi desfeita pelo eclodir da II Guerra Mundial e pelo cancelamento dos Jogos Olímpicos de 1940. Aceitando participar num espectáculo aquático em São Francisco onde fazia parelha com Johnny Weissmuller, o mais célebre dos Tarzan do cinema e ele próprio antigo nadador de competição, Williams seria aí descoberta pelos “olheiros” do estúdio.
Assinou contrato com a MGM em 1941 e estipulou numa das cláusulas que antes de rodar o seu primeiro filme passaria quase um ano a ter aulas de representação, dança e voz - para não fazer má figura mas também para separar a actriz da atleta. Ao todo, Williams rodou 25 filmes para a Metro entre 1941 e 1956.
Mas a sua popularidade não era transmissível aos seus filmes “em terra”. Na sua autobiografia, escreveu: “a MGM descobriu que o meu público apenas me queria ver de fato de banho”. Muito embora tenha estado presente num dos clássicos do cinema musical americano – A Linda Ditadora (1949), dirigido por Busby Berkeley, com Gene Kelly e Frank Sinatra – é apenas pelos seus “aquamusicais” que é recordada. A vedeta da Broadway Fanny Brice lançou, aliás, uma frase que ficou célebre: “molhada ela é uma estrela, mas seca nem pensar”.
Depois de uma breve passagem pela televisão, com vários especiais aquáticos no final dos anos 1950, Esther Williams retirou-se do cinema no início dos anos 1960. Continuou ligada à natação, através de uma colecção de fatos de banho e de uma empresa de piscinas, e até como comentadora televisiva de natação sincronizada. Casada por quatro vezes e mãe de três filhos, a actriz sofreu um AVC em 2007 e pouco foi vista em público desde então.