Lino Fernandes deixa a Agência de Inovação

O economista Lino Fernandes está de partida da Agência de Inovação, empresa de capitais públicos cujo único accionista é a Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Criada em 1993, a agência é presidida por Lino Fernandes desde meados 1996, no ano seguinte ao PS ter ganho as eleições e a José Mariano Gago ter assumido o Ministério da Ciência e da Tecnologia. A Agência da Inovação vai agora ser presidida por João Silveira Lobo, da Universidade Nova de Lisboa. Lino Fernandes sai da Agência de Inovação - que estabelece a ligação entre o mundo da ciência e o das empresas portuguesas, procurando inová-las, desenvolvê-las tecnologicamente e internacionalizá-las ajudando-as a procurar parceiros - depois de o seu mandato terminar. Como o partido do Governo também mudou em Março, seria natural continuar à frente da agência só até à assembleia geral, que se realiza na próxima semana.Em termos imediatos, Lino Fernandes, de 53 anos, diz que irá para o Observatório das Ciências e Tecnologias, já que o economista pertencia ao Serviço de Estudos e Planeamento da antiga Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, que veio a dar lugar ao observatório. Quando assumiu a presidência, a Agência de Inovação tinha três anos, e tinha sido presidida até então por Jorge Alves, da Universidade de Aveiro. Ontem, Lino Fernandes fez o balanço de grande parte da vida da agência, durante a assinatura de contratos dos consórcios entre empresas e instituições científicas, que se candidataram ao Programa de Apoio à Investigação em Consórcio em Outubro de 2001 e Fevereiro de 2002. Dos 286 projectos que se candidataram, a Agência de Inovação recomendou para aprovação 119, que correspondem a um investimento de 59 milhões de euros (47 milhões são fundos públicos). Destes, já foram homologados ministerialmente 82 e ontem a agência formalizou os contratos para a maioria dos projectos com luz verde ministerial. Dentro de algumas semanas, espera Lino Fernandes, serão mandados para homologação os restantes. Os 82 novos projectos representam um investimento de 35 milhões de euros, sendo 25 milhões financiados com dinheiros públicos (pelo Programa Operacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, ou POCTI, e pelo Programa Operacional da Sociedade da Informação, ou POSI, ambos do III Quadro Comunitário de Apoio, ou QCA, de 2000 a 2006). Nestes projectos participam cerca de 250 empresas e instituições de investigação de várias áreas tecnológicas e sectores económicos, desde a agricultura e a robótica submarina até à biologia e novos materiais. De 1996 a 2000, a Agência de Inovação apoiou 183 projectos de investigação em consórcio, com um financiamento de 41 milhões de euros no âmbito de programas do II QCA. Por isso, Lino Fernandes faz a seguinte leitura dos 119 projectos agora apresentados: "Houve um grande aumento da procura. Isto traduz uma tendência clara de aumento da investigação e desenvolvimento empresarial." Lino Fernandes sublinhou ainda que, das empresas participantes, 77 por cento são novas nos projectos apoiados pela Agência de Inovação, e são desde sectores de ponta até aos mais tradicionais, como os têxteis. "Começa a haver um naipe de empresas de criação recente, da década de 90, com um dinamismo tecnológico significativo. O país nesta área respondeu, há vitalidade", refere. A participação das empresas em actividades de investigação e desenvolvimento (I&D), diz, traduz o fim do mito de que as universidades e as empresas não cooperam. "Este trabalho de ponte entre as empresas e universidades foi possível porque há empresas que já têm recursos humanos qualificados", afirmou ainda. As empresas com maior dinamismo de I&D empresarial têm uma taxa elevada de formação dos recursos humanos, acima da média nacional. "Não só a quantidade de projectos aumentou desde 1996, como a qualidade melhorou bastante", referiu ainda.Na sessão de ontem também esteve Fernando Ramôa Ribeiro, presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, que optou por falar da necessidade de atrair o investimento das empresas portuguesas para actividades de I&D. Para tal, vão ser lançadas bolsas de doutoramento empresarial, para que não seja preciso despedir-se para fazer o doutoramento. Além disso, o programa IDEIA irá substituir o Programa de Investigação em Consórcio, que terá o apoio do POCTI e do POSI e também do Programa Operacional de Economia. Vai ser ainda lançado o programa NEST, que ajudará doutores a criar empresas.

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